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sábado, 23 de junho de 2018

Erga o copo e brinde aos rios!

por Soninha Francine, vereadora pelo PPS em São Paulo (SP) – 
Você não precisa fazer os votos de um monge para viver segundo princípios religiosos. Pode respeitar os valores de sua crença e também se casar, ter filhos, exercer uma atividade profissional e curtir o lazer! Da mesma forma, você não precisa fazer grandes sacrifícios e mudar radicalmente sua vida para viver de acordo com uma ética ambiental.
Algumas mudanças, aliás, são tão simples de fazer que nem arranham a zona de conforto. Tudo que a gente precisa é PENSAR UM POU-QUI-NHO e mudar hábitos… inúteis! O exemplo de hoje é: CANUDOS.
Vamos fazer uma breve reflexão para quem ainda não ficou indignado, inconformado, profundamente incomodado com essa verdadeira praga ambiental. Imagine a seguinte sequencia:
Você resolve preparar um bolo. Pedala até o mercado pensando na greve dos caminhões e na dependência do petróleo, na ração que não chegou para as vacas e as galinhas, o cacau e a mão de obra análoga à escravidão. Compra farinha, ovos caipiras, leite, manteiga, chocolate. Volta pra casa carregando tudo na sacola feita com banner reaproveitado. Dedica uns 40 minutos ao preparo e põe pra assar. Depois de esfriar, desenforma e se prepara para servir.
E então… POFT, o bolo se espatifa no chão. Pqp. Passa o filme na sua mente: as vacas, as galinhas, o cacau, os caminhões, o óleo diesel, o gás de cozinha, o seu dinheiro, o tempo. Recolhe as migalhas, irritado e triste, e joga tudo no minhocário.
Ok, digamos que nosso personagem não é tão “ecológico” assim, nem pensa nos recursos naturais e trabalho “impregnados” nos ingredientes; e só se preocupa com o tempo e o dinheiro. Mesmo assim, vai ficar revoltado com o desperdício.
Sequencia nº2: gigantescos navios sonda fabricados em estaleiros descomunais perfuram campos petrolíferos submarinos. Depois de passar por várias etapas de refino em caldeiras monumentais, ser carregado por milhares de km em carretas a diesel, o espesso petróleo vira canudinho. Embalado em plástico transparente, é entregue junto com um copo de vitamina.
Nem presta atenção no que faz. Rasga a embalagem e enfia o canudo no copo, dá uma mexidinha no açúcar. Depois de cinco minutos, aquele subproduto de petróleo, que levou semanas para chegar até ali, consumindo toneladas de recursos energéticos, impactando diversos ecossistemas deixando uma imensa pegada de carbono, vai para o LIXO.
Foi útil por instantes. Será um dano por SÉCULOS. Na melhor das hipóteses, será reciclado, mas isso também consome energia. Na mais comum, vai para um aterro ou pior, um lixão. Na mais horrenda e nada incomum, termina em um rio, deságua no mar, se decompõem em microplástico e entra na cadeia alimentar. Isso se não parar enfiado no nariz de uma tartaruga.
“Pescou” onde quero chegar, né?
Estamos enchendo o mundo e os mares de plástico. Uma parte dele é necessária, apropriada, precisa ser mais bem aproveitada, tem de ter sua vida útil prolongada ao máximo. Depois de esgotarem todas as suas possibilidades naquele formato e com aquele uso, ou já em outro formato e com uso alternativo, que seja reciclado. Se não tiver como, que seja utilizado como fonte de energia. Se não for possível, que seja descartado da maneira menos danosa possível!
Ou seja, o plástico que serve para alguma coisa, e muito dele serve SIM e substitui com vantagens (ambientais inclusive) outros materiais, dá um trabalho “eterno” porque uma de suas qualidades é um problema: ele é muito resistente e durável. Então se tem um plástico que podemos perfeitamente viver bem sem; cuja ausência não vai fazer praticamente falta nenhuma; que em 99,9% das vezes, nem precisa ser substituído por outro material… Eu sugiro, apelo, suplico: pare de consumi-lo!
Tudo mais na sua vida pode continuar igual. Se você já se preocupa com a sustentabilidade da vida humana na Terra, sua contribuição positiva será um pouco maior. Se não… Se ainda não se preocupa com as mudanças climáticas, e se dá o direito de demorar no banho porque paga as contas em dia, não se anima a trocar o carro por bicicleta para ir até a padaria, pega sacolinha no mercado porque vai reutilizar como saco de lixo, mistura o lixo todo porque dá trabalho separar, eu acho que você está precisando rever seus conceitos, mas não vamos discutir por causa disso agora (outra hora, sim rs). Vamos combinar o seguinte: você faz o esforço ridículo de dizer “sem canudo, obrigada” e o movimento facílimo de levar o copo até a boca, e sem nenhum outro sacrifício passa a ter uma atitude ecológica.
Bridemos a isso? Saúde!
*Soninha Francine é jornalista, ativista de causas ambientais e sociais e vereadora pelo PPS de São Paulo.

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