Especialistas em sustentabilidade reunidos ontem (16), em São Paulo, cobraram uma maior participação da sociedade e da ciência na construção dos debates da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. O seminário, organizado pelo Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), foi marcado por críticas à agenda programada para a conferência, principalmente noque diz respeito ao “viés empresarial” do evento.
“O que nós percebemos é que há uma posição fechada de governos, do setor econômico e de entidades não governamentais mais chapa branca, em uma posição de manutenção do status quo”, disse Carlos Bocuhy, membro do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) e presidente do Proam.
“A ciência não é ouvida em relação aos ecossistemas, ou seja, há uma grande interrogação nesse processo [da Rio+20]. A gente corre o risco que a conferência seja apenas mais um momento para pintar o que nós já temos aí de verde e não de, realmente, proporcionar para a sociedade planetária um salto de qualidade na gestão do planeta”, completou.
Iara Noveli, professora livre docente em oceanografia biológica da Universidade de São Paulo (USP), contestou a pequena participação, segundo ela, de grupos tradicionais – como os ligados à agricultura familiar – que encontraram soluções simples para os problemas relacionados à sustentabilidade. “[Não estão sendo ouvidos] os grupos sociais que vêm batalhando e saem das crises com ideias bem boladas, grupos da agricultura familiar, grupos de pouquíssimos recursos, com ideias muito interessantes”, declarou.
A Rio+20 reunirá representantes de cerca de 200 países no Rio de Janeiro, no final de junho, com o objetivo de discutir a economia verde e a criação de uma instituição internacional voltada para o desenvolvimento sustentável ou o fortalecimento das estruturas já existentes. Até o momento, cerca de 100 chefes de Estado e de governo confirmaram participação na Rio+20.
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Reportagem de Bruno Bocchini, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 18/04/2012
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