0.921741001379940315 oxfamfome Oxfam alerta: um mundo mais quente também é mais faminto
Durante essa semana, cientistas de todo o mundo se reunirão para preparar o lançamento do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) na sexta-feira (27). Porém, as informações que já foram divulgadas não são nada acalentadoras.
As evidências do acirramento das mudanças climáticas são cada vez mais consistentes e seus impactos em um mundo superpovoado devem causar ainda muitos prejuízos em termos humanos e financeiros.
Um novo relatório da Oxfam alerta que as alterações no clima colocarão famílias em um espiral vicioso de redução da renda e alimentação mais cara e pobre.
Em ‘Crescente Ruptura’ (Growing Disruption), a Oxfam traz uma avaliação sobre as conexões entre o clima e as diversas causas da fome. Apesar de haver cada vez mais consciência de que as mudanças climáticas prejudicam os cultivos, o relatório mostra que a ameaça para a segurança alimentar é muito mais ampla, se abatendo sobre a renda familiar, a qualidade da comida e a saúde humana de formas ainda incompreendidas.
A Oxfam já havia estimado que o preço médio da cesta básica deve mais do que dobrar nos próximos 20 anos em comparação com os preços de 2010 – até a metade do aumento será devido às mudanças climáticas. Os eventos enfatizados no relatório fornecem uma ideia dos demais potenciais impactos futuros, em áreas urbanas e rurais.
Um dos eventos extremos usados como exemplo no relatório é a enchente devastadora de 2010 no Paquistão, que destruiu mais de 570 mil hectares de plantações no Punjab, afetando 20 milhões de pessoas.
Dos estoques de comida, 80% foram perdidos. Assim, as pessoas não apenas passaram fome, mas também não tinham nada para negociar e poder comprar comida. A enchente causou uma redução massiva de 75% da renda entre as famílias afetadas.
No Nepal, pesquisas realizadas pela Oxfam mostram como a perturbação das moções está pressionando ainda mais o homem a migrar, deixando as mulheres sozinhas cuidando das famílias e tendo que dispensar muito mais energia nas tarefas diárias. As mulheres também comem por último, priorizando os homens e as crianças, portanto, podem cair em uma espiral de dieta e saúde precárias, em conjunto com a perda de força e energia.
Outro exemplo foi a seca no meio-oeste norte americano em 2012. A pior seca em 50 anos cortou em 25% a produção esperada de milho, contribuindo para o aumento global nos preços em torno de 40%.
“Queremos um mundo em que todos tenham o direito a uma alimentação nutritiva e suficientemente acessível, não podemos permitir que as mudanças climáticas nos tirem do rumo”, alertou Tim Gore, chefe de políticas da campanha GROW da Oxfam.
“Os líderes, ouvindo as conclusões mais recentes dos cientistas climáticos nesta semana, devem se lembrar de que um mundo quente é um mundo faminto. Eles precisam agir urgentemente para cortar as emissões e direcionar mais recursos à construção de um sistema alimentar sustentável”, ressaltou Gore.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)