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sábado, 21 de janeiro de 2023
Marina Silva cobra pelo compromisso das nações desenvolvidas
Em Davos, Marina Silva cobra pelo compromisso das nações desenvolvidas pelo repasse de US$ 100 bilhões para a proteção ambiental
Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram um crescimento de 23% nos índices de desmatamento da Amazônia em novembro de 2022
Por Giovanna Montagner
O fórum de Davos que acontece nesta semana, entre os dias 16 e 20 de janeiro, na Suíça, contou com discurso do Ministro da Economia, Fernando Haddad. O político afirmou nesta segunda-feira, 16, que pretende levar recados do Brasil ao mundo, como a retomada do crescimento com atenção às contas públicas e à sustentabilidade ambiental. Além do Haddad, o Brasil também estará representado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Segundo o Ministro da Fazenda, estão previstos mais de uma dúzia de encontros por dia. Com a participação de Marina, o Brasil busca estreitar as relações e impulsionar a agenda ambiental brasileira entre líderes internacionais.
Segundo análises da plataforma de inteligência artificial PrevisIA, se o ritmo de derrubada de florestas não for interrompido, estima-se uma perda de 11.805 km² de mata nativa. Do tamanho de 10 cidades do Rio de Janeiro, a devastação causará mais emissões de gases do efeito estufa, além de chuvas fortes, ondas de frio e calor e secas prolongadas.
O Brasil tem um longo caminho pela frente. Com uma conduta marcada pela degradação ambiental e do seu ecossistema, é esperada uma mudança para os próximos anos. Desde o inícios dos anos 2000, o acelerado processo de desmatamento do cerrado, que ameaça a oferta de água e a geração de energia no país, coloca também em risco as comunidades tradicionais da região, que, na maioria dos casos, não foram reconhecidas como tais.
Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram um crescimento de 23% nos índices de desmatamento da Amazônia em novembro, o correspondente a 590 km² da floresta. Com isso, no acumulado do ano, 2022 desponta como a pior taxa dos últimos 15 anos. Em meio a recordes negativos, o Pará lidera a lista dos estados que mais devastaram a região amazônica no período analisado, o que representa quase metade (47%) do desmatamento total durante o mês de novembro.
Para Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de purificação de água contaminada, o desmatamento de florestas está estritamente ligado às atividades humanas. “O aumento das atividades econômicas, devido ao processo de globalização, e o desenvolvimento de novas tecnologias, têm aumentado esse processo de forma descontrolada em algumas regiões. Atualmente, áreas ocupadas por florestas vão dando lugar à agropecuária, à mineração e à urbanização e, excluindo populações nativas da área visada”, explica o especialista.
Hoje, a expansão do agronegócio é considerada uma das principais causas do desmatamento no mundo todo. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), só na América Latina, a expansão da agricultura e da pecuária comercial é responsável por aproximadamente 70% do desmatamento. Dados da FAO revelam que a prática agrícola, por meio de produções em escala industrial, e a pecuária, por meio do aumento dos pastos extensivos, fomentam o desmatamento em vários países do mundo.
“Em decorrência desta ocupação, algumas fontes de captação de água usadas por estes povos originários podem ter sido contaminadas, principalmente pelos garimpos que operavam ilegalmente e utilizam mercúrio como uma forma rápida para separar o ouro do cascalho. O problema é que esse metal pesado tem um custo altíssimo para o meio ambiente e para a saúde humana. Ele contamina as águas que bebemos e os peixes que comemos. No nosso corpo, o mercúrio pode afetar a coordenação motora, a visão e até mesmo a memória”, afirma o especialista.
Em seu primeiro painel em Davos, Marina Silva explicou que “a sustentabilidade não é só economia ou ambiental”, mas também “social e política”. Por isso, é preciso que os governos sejam “eticamente constrangidos” para agir em momentos difíceis, como no caso do aumento do desmatamento. Em sua segunda aparição, vista nesta terça-feira, dia 17, a ministra cobrou o compromisso das nações desenvolvidas de repassarem aos países em desenvolvimento US$ 100 bilhões para a proteção ambiental.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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