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sábado, 30 de julho de 2022
Conheça as propostas do ambientalista Claudio Langone para o desenvolvimento sustentável de Santa Maria (LEANDRA KRUBER, jornal DIÁRIO, 30.7.2022)
Na manhã desta sexta, a palestra de lançamento do Comitê pelo Meio Ambiente, que trouxe o ambientalista Claudio Langone, reuniu seis entidades de Santa Maria para discutir problemas ambientais da cidade, como a não existência de uma coleta seletiva, e pensar em soluções coletivas.
Referência em gestão ambiental, Langone, que esteve à frente da coordenação das agendas de sustentabilidade da Copa 2014 e das Olimpíadas do Rio, em 2016, disse que a criação de um comitê permanente com a participação do poder público municipal, órgãos públicos, instituições de Ensino Superior e sociedade civil organizada, é o primeiro passo para a consolidação de medidas de curto, médio e longo prazo capazes de promover o desenvolvimento sustentável no Coração do Rio Grande.
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Desenvolvimento Sustentável
Desde 1972, quando ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente, em Estocolmo, na Suécia, o termo desenvolvimento sustentável é amplamente utilizado para se referir ao equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
– É fundamental que a gente entenda que desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente andam juntos. Quando falamos em cidades bem desenvolvidas, por exemplo, podemos perceber que existe uma gestão ambiental muito bem feita. Meio ambiente também é geração de renda, é economia, é o futuro – explica o ambientalista.
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Ainda, durante a palestra, Langone enfatizou a importância de informações precisas e de qualidade acerca de temas ambientais.
– Há poucos anos, em algumas mídias, a legislação ambiental e o desenvolvimento era postos em lados contrários. Hoje, vemos que isso é diferente, e a difusão da informação de qualidade é um dos primeiros passos para conseguirmos pensar em medidas que possam mudar, de fato, a realidade.
Ações para Santa Maria
A longo prazo, o transporte coletivo, em alternativa ao individual, pode trazer benefícios ao meio ambiente.
Investimento em transporte coletivo
Segundo o ambientalista, apesar de não parecer uma ação que tem relação direta com o meio ambiente, o investimento no transporte coletivo é uma iniciativa que pode contribuir para o desenvolvimento de cidades grandes e médias, como Santa Maria.
– Hoje, vivemos em um momento de valorização do transporte individual que, além de gerar congestionamentos e transtornos no trânsito, também é um agente de poluição. Por isso o transporte coletivo é tão importante e pode contribuir a longo prazo para a preservação – explica.
O uso de energia solar é um exemplo de prática sustentável que pode influenciar no desconto do IPTU.
Reforma tributária ecológica
Durante a palestra, o tema da reforma tributária ecológica chamou atenção. De acordo com Claudio Langone, incentivos fiscais, como o chamado IPTU Verde, por exemplo, podem ajudar na promoção de medidas sustentáveis.
Nesta semana, foi promulgada, na Câmara de Vereadores de Santa Maria, a lei que institui o IPTU Verde na cidade. Na prática, o programa deve oferecer descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para o cidadão que adotar práticas sustentáveis em imóveis residenciais ou comerciais.
Dentre as ações que a população pode fazer para receber o desconto estão o uso de energia solar, a captação da água da chuva, o reuso de água, o aquecimento hidráulico, o aquecimento elétrico-solar, o uso de materiais de construção sustentáveis, e a adoção de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos.
A separação de materiais recicláveis dos orgânicos, por exemplo, se torna uma medida efetiva para a preservação ambiental a partir da implantação da colea seletiva no municipio.
Contribuição coletiva entre órgãos públicos e comunidade santa-mariense
Uma das soluções permanentes apresentadas pelo ambientalista é o diálogo permanentes entre os poderes públicos e a sociedade civil já que, segundo Langone, o esforço individual de preservar o meio ambiente ajuda, mas não é uma solução efetiva a longo prazo:
– Por exemplo, o que adianta as pessoas, em suas casas, separarem o lixo seco do orgânico se não existe uma coleta seletiva? Ao fim e ao cabo, tudo acaba indo para o mesmo lugar e entramos em um ciclo vicioso de poluição. No entanto, a comunidade também precisa cuidar para não poluir áreas verdes e arroios. Então, é fundamental existir essa contribuição mútua.
Na ocasião, o procurador-geral do município, Guilherme Cortez, disse que as tratativas sobre a coleta seletiva em Santa Maria precisam avançar e que levará em conta as especificidades das diferentes regiões da cidade.
De acordo com Claudio Langone, pontos de descarte de lixo em eventos como o Brique da Vila Belga e o Feirão Colonial ajudam a popularizar medidas sustentáveis.
Geração de pequenos negócios voltados a sustentabilidade
Para contribuir com o debate, a professora Marta Tocchetto manifestou preocupação com o futuro do trabalho realizado por catadores de Santa Maria. Segundo a professora, a reciclagem é a maior fonte de renda para recicladores de associações como a Asmar e Arsele:
– As soluções para o descarte de lixo em Santa Maria, por exemplo, devem sempre levar em consideração quem vive da reciclagem. Precisamos atentar para não entender o lixo somente como um negócio para grandes empresas. É também sustento. Por isso é interessante pensarmos em cooperativas que auxiliem os recicladores.
Além disso, Claudio Langone mencionou dois exemplos municipais que podem reunir iniciativas sustentáveis. Para ele, os polos de aglutinação tem o potencial de popularizar ações e integrá-las à comunidade.
– O Feirão Colonial, que ocorre semanalmente, e o Brique da Vila Belga são exemplos de eventos já consolidados na cidade e que podem ter pontos de descarte de lixo, por exemplo. Conhecer iniciativas que já fazem parte da cidade facilita a adoção de medidas sustentáveis no dia a dia – enfatiza.
A Horta Comunitária Agroecológica Neidi Vaz, no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon, existe há seis anos, e é fonte de parte da alimentação de quase 20 famílias no bairro. O projeto começou em 2016, por iniciativa da Associação de Moradores Dom Ivo Lorscheiter (Amordil).
Fortalecimento comunitário
Durante a pandemia, em razão do isolamento social, o cultivo de plantas se popularizou. O ambientalista Claudio Langone diz que a criação de hortas comunitárias é uma medida que, além de agregar a comunidade em prol de um objetivo, também ajuda na alimentação.
No Colégio Estadual Professora Edna May Cardoso, professores, pais e alunos cultivam hortaliças e plantas medicinais, aromáticas e condimentares em uma horta comunitária. O local de plantação já era usado há mais de quinze anos pelos moradores da comunidade. A partir de 2018, junto com estas pessoas, na maioria idosos, professores e alunos da escola passaram a se envolver ativamente na horta. Já em 2021, mais uma novidade foi agregada ao espaço: um sistema de captação da água da chuva.
Já no Bairro Diácono João Luiz Pozzobon, a Horta Comunitária Agroecológica Neidi Vaz, que existe há seis anos, é fonte de parte da alimentação de quase 20 famílias no bairro. O projeto começou em 2016, por iniciativa da Associação de Moradores Dom Ivo Lorscheiter (Amordil).
– Esse tipo de plantio em menor escala e que envolve a comunidade nos faz sentir parte do meio ambiente. E é esse sentimento de pertencimento que faz toda a diferença quando falamos no futuro do meio ambiente – diz.
Instituições como UFSM, UFN e IFFar já adotam medidas sustentáveis em diferentes projetos.
Parceria com instituições de Ensino Superior
As universidades, sejam elas públicas ou privadas, assim como demais instituições de Ensino Superior apresentam inúmeras possibilidades de parcerias, de acordo com Langone. Para ele, as empresas juniores, organizações formadas por estudantes de ensino superior, são incubadoras de propostas inovadoras
– O tripé do ensino, pesquisa e extensão pode, cada vez mais, fazer parte de organizações, como o Comitê pelo Meio Ambiente. Nas instituições de ensino superior temos as empresas juniores que estão preocupadas com o desenvolvimento econômico sem ignorar as necessidades ambientais.
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Leandra Cruber
Leandra Cruber
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