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segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Um dos principais futuros econômicos da Floresta Amazônica é o crédito de carbono
[EcoDebate] Existe a hipótese de que o mercado de crédito de carbono, em termos macroeconômicos e de longo prazo, talvez seja o único mecanismo financeiro viável para a Amazônia brasileira. As chamadas culturas sustentáveis são viáveis como empreendimentos locais em certas micro regiões, terras indígenas e Unidades de Conservação de uso sustentável. Contudo, em um contexto de amazônia brasileira como um todo, e do ponto de vista macro econômico, por serem mescladas, perdem para a monocultura, que é muito mais lucrativa.
Mesmo o manejo de árvores em florestas tropicais primárias é questionável, visto que árvores levam séculos para amadurecer, ao contrário das florestas temperadas e de alta latitude. Ainda que bem realizado e legalizado, o manejo florestas de madeiras tropicais é muito burocrático e oneroso, e perde, infelizmente, para a madeira tirada de forma predatória. O mercado madeireiro também têm perdido espaço para monoculturas , como a teca proveniente da Ásia, além, é claro, de madeiras “claras” e de rápido crescimento, como o eucalipto e o pinus.
Sempre lembramos que, em contexto global, as florestas tropicais primárias são cada vez mais raras (bem menos de 10% das terras emersas), e também lembramos a redução drástica da biodiversidade que está ocorrendo no planeta, e o imenso papel que a floresta amazônica tem na proteção da biodiversidade das terras tropicais emergentes.
Durante a última Conferência do Clima (COP 17), realizada em 2011 na África do Sul, as metas de Kyoto foram atualizadas e ampliadas para reduzir as emissões em 25% a 40% em 2020, em relação aos níveis de 1990 para os países desenvolvidos. O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca de 5% do total mundial e 268 projetos. A expectativa inicial era absorver 20%. O mecanismo incentivou a criação de novas tecnologias para reduzir as emissões de gases poluentes no Brasil.As nações que não podem (ou não desejam) reduzir suas emissões poderão comprar RCEs nos países em desenvolvimento e usá-las para cumprir suas obrigações.
O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, tentou, sem sucesso, no início desse ano, obter créditos por meio do mercado de carbono. Não obteve sucesso, e as críticas à política ambiental continuam acirradas, principalmente no exterior, onde há real risco de boicote da ordem de bilhões de dólares aos produtos brasileiros.
O imperativo é que os países que mais emitem, comprem créditos do governo brasileiro, das principais empresas brasileiras ou do agronegócio progressista que se encontra na Amazônia brasileira.
Bruno Versiani dos Anjos
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 31/08/2020
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