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quarta-feira, 26 de agosto de 2020
Doenças cardiovasculares preocupam especialistas em tempos de pandemia
Pessoas com problemas do coração estão entre as principais vítimas da Covid-19, mas pacientes ainda demonstram medo de procurar o hospital.
Por Pollyana Cabral
Estudos apontam que nesse período o número de pessoas que morreram em casa por infarto agudo do miocárdio aumentou. Em outros tempos essas pessoas provavelmente teriam procurado o hospital.
A situação é de grande preocupação para os médicos, como alerta o cardiologista e intensivista, coordenador da Unidade Neuro-Cardio Intensiva do Hospital Brasília, Vitor Barzilai. “Estudos mostram que os infartos domiciliares vêm aumentando durante a pandemia. Se você sentir desmaio, dor no peito, palpitações, falta de ar ou, ainda, se você tiver doença do coração conhecida, é importante procurar atendimento médico. Pessoas com doenças como insuficiência cardíaca, arritmia, principalmente fibrilação atrial ou doença coronária têm maior morbidade quando enfrentam o coronavírus”, explica.
Dados de julho da Secretária de Saúde do DF revelaram que 90% das vítimas do novo coronavírus da capital possuíam alguma doença preexistente. Distúrbios metabólicos e diabetes estão entre as comorbidades que levaram a óbito. Há também, em todo Brasil, um aumento de mais de 30% de mortes em domicílio por Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto e outras doenças cardiovasculares, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2019, entre os meses de março e maio, foram 11.990 mortes por doenças cardíacas. Neste ano, foram 15.847 óbitos, como apontou o estudo de julho feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, SBC, e pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil, Arpen.
O especialista Vitor Barzilai explica que a forma como a covid-19 ataca o coração pode ser ainda mais grave nas pessoas da terceira idade. “A infecção viral acaba acometendo o coração. Não parece ser por uma infecção direta no órgão, mas por uma descarga de adrenalina importante. Isso compromete uma função do coração durante a infecção. A infecção serve de gatilho para o que conhecemos como a síndrome do coração partido, ou Takotsubo. O coronavírus leva à descompensação da doença, secundária à infecção do coronavírus”, alerta.
Apesar da pandemia gerar receio nas pessoas de procurarem atendimento, o cardiologista garante que é mais seguro procurar o hospital e destaca a importância do diagnóstico precoce. “Quando o paciente chega ao Pronto Socorro, é feito um rastreamento para o coronavírus, enquanto as emergências cardiovasculares são levadas para outro lugar. Se a dor no peito, que é um sintoma clássico cardiovascular, durar mais que vinte minutos, é importante que o paciente vá para a emergência para fazer avaliação”, conclui o especialista.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 26/08/2020
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