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sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Covid-19 – “As pessoas ouvem que devem ficar isoladas mantendo o distanciamento social, mas não entendem os motivos”, diz especialista

Tossir, espirrar, rir, gritar, falar, cantar… De acordo com estudos mais recentes, todas essas ações podem estimular o contágio por COVID-19, especialmente em lugares fechados e com pouca circulação do ar, como elevadores, ônibus e metrôs. Até o momento, a comunidade científica confirma apenas a transmissão da doença através do contato com gotículas de saliva expelidas pela boca ou coriza nasal, mas nunca pelo ar liberado na expiração. Por Chico Damaso, Milena Alvares e Beatriz Zolin As novas evidências, ainda que incompletas, são suficientes para repensar os métodos de precaução adotados mundialmente. Em carta aberta divulgada por 239 cientistas internacionais dirigida a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cientistas afirmam que a transmissão aérea poderia explicar o alto nível de contágio da doença. No Brasil, tais resultados estariam ainda diretamente relacionados à população mais afetada pelo Sars-CoV-2. De acordo com pesquisa realizada pelo Grupo Fleury, Instituo Semeia, IBOPE Inteligência e Todos pela Saúde, o percentual de pessoas que se infectaram com o novo coronavírus na cidade de São Paulo chega a ser 2,5 vezes maior em bairros pobres (16%) do que em relação aos mais ricos (6,5%), bem como em pessoas negras (19,7%) em comparação com pessoas brancas (7,9%). “As populações de menor nível de recursos e instrução estão se contaminando em níveis absurdos. Existem várias causas para isso: aglomeração, uso de meios de transportes lotados e inadequados, falta de cuidados, entre outras”, explica dr. Álvaro Atallah, epidemiologista clínico e diretor da Cochrane Brasil. Segundo o levantamento, habitações com 5 ou mais pessoas, comuns em regiões mais pobres, apresentam soroprevalência quase duas vezes maior do que aquelas com um ou dois moradores. Segundo dr. Atallah, é preciso que as pessoas entendam o porquê do isolamento e do distanciamento social. Hoje, grande parte da propagação da doença se dá por infectados assintomáticos, principalmente jovens. Tendo em vista o potencial contágio pela expiração, o risco oferecido por esses indivíduos é ainda maior. “As pessoas não têm noção de que só estar em um mesmo ambiente com alguém contaminado já é uma ameaça. Isso explica porque elas se submetem a ir para festas e entrar em ônibus lotados, por exemplo”, afirma dr. Atallah. Como se prevenir? Ainda de acordo com os cientistas, é fundamental que as entidades de saúde estimulem novas medidas preventivas. Com a gradual reabertura dos comércios, o especialista em Medicina baseada em Evidências ressalta a importância da população se preparar e dá algumas dicas: FaceShield: os itens de plásticos devem ser colocados no rosto para isolar os aerossóis expelidos pela fala. “As FaceShields reduzem a ameaça em mais 10% e, pensando no contexto da pandemia, são um grande auxílio”, diz dr. Atallah. Máscaras: “A recomendação é utilizar as máscaras de forma semelhante as dos médicos: uma de plástico sobre uma de pano, protegendo bem a boca e o nariz”, explica o especialista. As de pano devem ser colocadas na água oxigenada por dez minutos e esperar secar antes de reutilizar. Roupas protetivas: Se tiver, utilize um jaleco ou casaco que possa ser esterilizado assim que chegar em casa. No caso de funcionários de bares, restaurantes e salões de beleza, gorro e luvas também ajudam. Preparação do ambiente: Busque manter o ar arejado, deixando portas e janelas abertas. “Isso é imprescindível para quem mora com muitas pessoas na mesma casa”, acrescenta. Distanciamento e isolamento social: Se puder, fique em casa. Caso seja necessário sair, tome todos os cuidados descritos acima, além de fazer a higienização correta das mãos com água e sabão e utilizar álcool em gel ao entrar e sair dos lugares. Evite contatos próximos com outras pessoas. Esterilize frutas, verduras e utensílios de cozinha em água sanitária – uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água. in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/08/2020

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