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sábado, 21 de julho de 2018

População do papagaio de cara roxa cresce entre São Paulo e Paraná

O Censo Populacional do Papagaio-de-cara-roxa 2018, realizado em julho, registrou uma população de 9.112 aves. A contagem é feita anualmente pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) desde 2003, mas é a primeira desde que a espécie saiu da lista internacional de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), no final de 2017.
A espécie existe apenas em uma estreita faixa de planície entre o litoral do sul de São Paulo ao litoral do Paraná. A população paranaense representa 80% do total, onde foram registrados 7.366 papagaios. No litoral paulista vivem 1.746 aves. Os censos anuais do papagaio-de-cara-roxa mobilizam mais de 50 voluntários, entre estudantes, moradores locais e outras pessoas sensibilizadas com a causa, que se unem aos técnicos da SPVS durante a contagem.
O resultado é o segundo mais expressivo na história do projeto. Em 2015, foi registrada uma população de 9.176 indivíduos. “Fiquei muito feliz com o resultado deste ano. É incrível saber que a população está saudável e crescendo”, comemora Marina Somenzari, bióloga do Parque das Aves de Foz do Iguaçu, que participou do Censo como voluntária pela segunda vez. “É de projetos de longo prazo como este que precisamos. Infelizmente, essas iniciativas ainda são raras no Brasil”.
A população mínima de papagaio-de-cara-roxa, registrada ao longo dos três últimos anos, teve um incremento no estado do Paraná, quando comparada aos registros anteriores, de 5 mil papagaios entre 2005 e 2013. No entanto, a concentração de papagaios-de-cara-roxa em uma região ameaçada do litoral do Paraná preocupa os especialistas. “Quase metade da população total da espécie se concentra nas ilhas em frente à planície litorânea da região de Paranaguá e Pontal do Paraná, muito próximo da área que o Governo do Estado pretende transformar em um complexo portuário privado”, alerta Elenise Sipinski, coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa. A equipe do projeto avalia que a construção do Porto de Pontal do Paraná afetaria pelo menos 4 mil papagaios-de-cara-roxa, além de gerar outros impactos ambientais e sociais na região, como a redução dos remanescentes de Mata Atlântica próximos à Ilha do Mel, segundo maior destino turístico do estado do Paraná.
Segundo Sipinski, a proteção das áreas de floresta nativa e a criação de novas Unidades de Conservação que conectem essas áreas são essenciais para a sobrevivência da espécie, devido ao seu comportamento. “Todos os dias, os papagaios-de-cara-roxa voam dos dormitórios coletivos situados nas ilhas para as planícies do continente em busca de alimento e voltam no fim da tarde para buscar abrigo”, explica. “Por isso, a construção de um porto em frente à Ilha do Mel e ao lado da Ilha Rasa e da Cotinga, onde vivem milhares de indivíduos, é uma ameaça à recuperação da espécie.”
Os técnicos do projeto destacam que a área de distribuição do papagaio-de-cara-roxa diminuiu ao longo dos anos. “Antigamente essa espécie também era encontrada em Santa Catarina, atualmente, não mais”, acrescenta Sipinski. A população de papagaios também vem diminuindo na porção sul do estado do Paraná: em Guaratuba neste ano foram registrados apenas 9 indivíduos. “As áreas ocupadas por essa espécie são extremamente frágeis e estão ameaçadas pela falta de ações de proteção efetivas para a sua manutenção. Deveriam ser tratadas como santuários da biodiversidade pela sociedade.”
No litoral de São Paulo, a maior ameaça encontrada pelos pesquisadores do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa é o comércio ilegal dos filhotes da espécie, que são retirados dos ninhos antes que consigam alçar voo. “Em São Paulo, onde o projeto começou a atuar em 2013, ainda encontramos muitos ninhos saqueados para a captura de filhotes”, conta a coordenadora do projeto. Ela afirma que, no litoral paulista, “os remanescentes de Mata Atlântica estão próximos a estradas e cidades, o que torna os ninhos paulistas mais vulneráveis. Por isso, a conservação da espécie no estado exige campanhas educativas, parcerias com instituições locais e moradores e ações de fiscalização mais efetivas na região”. (#Envolverde)

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