Quem poderá salvar os guarani-caiovás?
"Há mais de 20 anos o autor destas linhas escreve sobre a situação dramática dos índios guarani-caiovás, em Mato Grosso do Sul. Naquele tempo já eram centenas os casos de suicídio entre essa gente (a segunda maior etnia indígena no País, 45 mil pessoas). E já nesse tempo eles não tinham onde viver segundo seus formatos próprios - as terras para as quais gradativamente os expulsavam eram muito pequenas, não permitiam manter a tradição de plantar, colher, caçar, pescar. Fora de suas terras, sem formação profissional adequada, seguiam a trajetória fatal: trabalhar como boias-frias, tornar-se alcoólatras, mendigos, loucos. E suicidas, como o jovem de 17 anos que se matou no dia seguinte ao de seu casamento - enforcou-se numa árvore e, sob seus pés, na terra, deixou escrito: 'Eu não tenho lugar'", artigo de Washington Novaes - OESP, 9/11, Espaço Aberto, p.A2.
Índio Munduruku morre baleado em confronto com a PF
A Funai informou ontem que um índio da etnia Munduruku morreu durante conflito com policiais federais no Rio Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará. O confronto, que ainda deixou feridos dois policiais -atingidos por flechas- e seis índios, aconteceu anteontem, quando os agentes destruíram balsas usadas para extração ilegal de ouro na terra indígena. Segundo a Funai, Adenilson Krixi, de 28 anos, foi atingido por quatro tiros no peito e um na cabeça. Dois índios, com ferimentos a bala nos braços e nas pernas, foram transferidos para Cuiabá (MT), onde aguardam cirurgia. A Polícia Federal decidiu suspender a Operação Eldorado e apura se houve excessos de parte dos policiais - O Globo, 9/11, País, p.11; OESP, 9/11, Nacional, p.A12; FSP, 9/11, Poder, p.A16.
Choques têm se intensificado em outras regiões
Conflitos entre policiais federais e índios têm sido comuns nos últimos anos. Em 2009, índios Tupinambá ocuparam uma fazenda em área nos municípios de Ilhéus, Buerarema e Una (BA). Os agentes usaram armas de choque para conter os índios. Cinco indígenas procuraram o Ministério Público Federal na Bahia e disseram ter sido torturados. Também em 2009, seis índios foram feridos em confronto com agentes em operação para combater um suposto esquema de pesca ilegal na Terra Indígena Umutina, perto de Barra do Bugres (MT). Policiais federais e índios Kaingang também entraram em conflito no fim de 2000, quando 50 indígenas bloquearam a rodovia RS-324, na divisa de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Dois Kaingang foram presos - FSP, 9/11, Poder, p.A16.
Demarcação de terras indígenas em debate
Cerca de 170 representantes de 15 etnias indígenas participaram de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para exigir a revogação da Portaria 303/2012, da Advocacia-Geral da União (AGU). O texto, que está suspenso pela Justiça, limita a demarcação de terras indígenas. "A portaria tem sido usada como lei pelos fazendeiros", denuncia Eliseu Guarani Kaiowá, que representou a etnia sul-mato-grossense. O líderes também se manifestaram contra a PEC 215, que transfere do Executivo para o Congresso a prerrogativa de reconhecer terras de povos tradicionais. A deputada Erika Kokay (PT-DF), presidente em exercício da comissão, disse que promoverá encontro com o presidente do STF, Ayres Britto, para discutir a Portaria 303 - CB, 9/11, Brasil, p.8.
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FONTE : Manchetes Socioambientais, boletim de 9/11/2012.
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