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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Seguro de risco contra mudança climática

Financiar estratégias de adaptação e criar um fundo comum de riscos são as opções dos países do Caribe, que poderiam perder ao ano 9% de seu produto interno bruto devido à mudança climática, afirmaram especialistas. “Os seguros de risco já são considerados ferramentas fundamentais em qualquer contexto completo para adaptar-se de forma efetiva à mudança climática”, disse à IPS Milo Pearson, presidente da Facilidade Caribenha de Seguros contra Riscos de Catástrofes (CCRIF).

“Conforme os impactos regionais da mudança climática no futuro ficarem mais claros – com estimativas de aumento dos eventos extremos como seca e furacões –, um seguro climático será fundamental para enfrentar os riscos associados com essas mudanças”, afirmou. A CCRIF, com sede nas Ilhas Caimã, é administrada por 16 nações da região. Trata-se do primeiro e único fundo do mundo a oferecer cobertura diante de furacões e terremotos. Um modelo semelhante está sendo discutido pelos Estados insulares do Pacífico, disse Milo.

Um novo estudo da CCRIF, intitulado “A economia da adaptação à mudança climática no Caribe”, centra-se na situação de oito países da região: Anguila, Antigua e Barbuda, Barbados, Bermuda, Dominica, Ilhas Caimã, Jamaica e Santa Lúcia. O trabalho calcula que as perdas da região por tempestades e inundações já atingem 6% do PIB em alguns países, e que, no pior cenário, podem chegar a 9% apenas considerando os danos causados pelos ventos. Isto equivale ao impacto de uma recessão econômica grave, “uma que nunca termina”, diz o estudo.

As previsões de perdas pela mudança climática variam significativamente entre os países estudados, e vão desde 1% do PIB em Antigua e Barbuda, até 6% na Jamaica. As diferenças entre os países têm origem em vários fatores, como sua topografia, a exposição a perigos em costas, sua importância econômica de setores particularmente vulneráveis e também sua localização geográfica.

O estudo conclui que, entre os riscos considerados, os ventos de furacões representam 90% dos potenciais riscos na região, enquanto a elevação do nível do mar pelas tempestades ameaça em particular as nações mais baixas, segundo o estudo. A CCRIF indica que tais conclusões, divulgadas no final de agosto, partem de uma base sólida e dados que os países poderiam usar para criar suas estratégias de adaptação e administração de desastres.

Milo disse que a informação também pode ajudar as delegações da região a prepararem sua postura na 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC), que acontecerá em Cancún, no México, entre 29 de novembro e 10 de dezembro. Espera-se que os Estados caribenhos e outras nações insulares peçam nesse encontro ajuda internacional para financiar seus planos de mitigação e adaptação.

“Na situação econômica atual do Caribe, os governos enfrentam sérias dificuldades e têm pouco espaço fiscal para o financiamento da adaptação climática”, disse Milo à IPS. “Diante desses limitados recursos, os países deverão ser especialmente proativos em nível regional e internacional” para conseguirem fundos, acrescentou.

O secretário-geral da Comunidade do Caribe (Caricom), Edwin Carrington, disse que o estudo da CCRIF é “de imenso valor para os políticos caribenhos e o setor empresarial em seus esforços para desenvolver e implementar sólidas estratégias e planos de adaptação”. Disse, ainda, que, como alertou inequivocamente o Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) da Organização das Nações Unidas, o fenômeno já afeta o Caribe: as temperaturas aumentaram cerca de um grau no último século e os mares cresceram entre dois e três milímetros por ano desde 1980.

Os países do Caricom “necessitam de estratégias de adaptação duradouras que possam ajudar a garantir o sustento de nossos cidadãos e dar proteção diante de um clima sempre variável”, destacou Edwin no mês passado. Na conferência sobre mudança climática realizada em dezembro passado, em Copenhague, as nações ricas prometeram US$ 30 bilhões em financiamento de “início rápido” para ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o fenômeno.

Entretanto, as investigações do Projeto Catalisador da Fundação ClimateWorks e da Fundação Europeia sobre o Clima indicam que são necessários entre US$ 21 bilhões e US$ 54 bilhões para apoiar a mitigação, adaptação e menor degradação de florestas no Sul em desenvolvimento nos próximos três anos. Além disso, serão necessários entre US$ 100 bilhões e US$ 190 bilhões em investimentos do setor privado a cada ano.

“Sempre disse que este financiamento de curto prazo é a chave de ouro para Cancún”, afirmou a secretária-geral da CMNUCC, Christiana Figueres, em entrevista coletiva no começo deste mês para lançar o site FastStartFinance.org, que acompanha de perto os compromissos de financiamento contra a mudança climática por parte de nações industrializadas. “É particularmente urgente e importante ter clareza sobre a fonte, o destino e o desembolso de dinheiro de curto prazo”, acrescentou.

O estudo da CCRIF, disse Milo à IPS, pode ajudar os países em desenvolvimento não só a compreenderem os riscos que enfrentam e como se adaptar, mas também a defenderem a necessidade de financiamento na reunião de Cancún. Envolverde/IPS
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FONTE : Este artigo é parte de uma série apoiada pela Rede de Conhecimento sobre Clima e Desenvolvimento – http://www.cdkn.org.

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