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quarta-feira, 23 de novembro de 2022

População do Jardim Paulista vive em média 21 anos a mais que a do Iguatemi, mostra estudo

A população do distrito do Jardim Paulista, localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo, vive em média 21 anos a mais que aquela que mora no Iguatemi, distrito da Zona Leste. É o que mostra o estudo “Mapa da Desigualdade 2022”, que foi lançado em evento realizado nesta quarta-feira (23), no SESC Ipiranga, pela Rede Nossa São Paulo, vinculada ao Instituto Cidades Sustentáveis (ICS). Enquanto quem vive no Jardim Paulista tem como tempo médio de vida os 80 anos – equivalente a países como Portugal e Dinamarca -, no Iguatemi esse número cai para 59 anos. Lançado anualmente desde 2012, este estudo traz dados sobre os 96 distritos da capital paulista por meio de fontes públicas e oficiais, abordando indicadores nas várias áreas da administração pública. Além de analisar as características da população paulistana, o estudo abrange 11 temas principais: habitação, trabalho e renda, mobilidade, infraestrutura digital, direitos humanos, saúde, educação, cultura, esporte, meio ambiente e segurança pública. Cada um desses temas é analisado a partir de indicadores, de modo a ampliar o conhecimento sobre os territórios da cidade e identificar prioridades e necessidades da população em seus distritos. “Os números são frios, mas estamos falando sobre a vida da população da cidade de São Paulo. Temos que exercitar a capacidade de seguirmos juntos e unidos. O Mapa da Desigualdade é um estudo que tem como o objetivo principal sensibilizar a população e fomentar políticas públicas que ofereçam melhorias e avanços, especialmente aos mais vulneráveis”, disse o diretor do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão. Evento de lançamento O material foi lançado oficialmente na manhã do dia 23 de novembro (quarta-feira), às 11 horas, em evento no SESC Ipiranga, que contou também com uma mesa de debate com a presença da urbanista Raquel Rolnik, da presidente da UNAS Heliópolis e Região, Antônia Cleide Alves, do fundador da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, e da mestre em Ciências Sociais e Conselheira Municipal de São Paulo, Manoela Cruz. Entre o público, estavam moradores da comunidade de Heliópolis, o vereador e deputado estadual eleito Eduardo Suplicy e outras dezenas de moradores da cidade. “O Mapa da Desigualdade está sendo lançado na semana da Consciência Negra. A gente aqui de São Paulo não tem percepção da dimensão da desigualdade racial em na cidade. É importante explicitar que, sim, a desigualdade tem cor e é estrutural. A população com maior exposição a riscos de vida ou de condições precárias, possui um recorte racial evidente. E é fundamental que isso apareça na hora de escolhermos políticas públicas”, disse Raquel Rolnik. Para Oded Grajew, outro entrave para o enfrentamento das desigualdades são os interesses financeiros e de poder. “Redistribuir significa que quem está no topo vai perder um pouco de recursos e um pouco de poder. Por isso temos um desafio tão grande. Porque quem tem poder e recursos, em geral, sempre vai resistir a essass mudanças”. De acordo com Antônia Cleite, a desigualdade social é fruto também da negação de direitos às populações mais vulneráveis. “Temos que trazer outras formas de ensinar e de empoderar a população mais vulnerável. Até os nossos direitos nos são negados. É difícil viver em um país onde negros ganham menos que branco, mulheres menos do que homens. Temos muito a melhorar ainda no país”, O evento teve transmissão ao vivo pelo Youtube da Rede Nossa SP e do Sesc SP. Confira outros pontos de destaque do estudo: Grajaú é o distrito mais empreendedor da cidade: Ao todo, 2,8% das pessoas microempreendedoras individuais ativas na cidade de São Paulo são do Grajaú, a maior porcentagem entre todos os distritos. Dos 5 distritos mais empreendedores, todos estão localizados na ZS: além do Grajaú, aparecem Jardim Ângela (2,5%), Capão Redondo (2,3%), Cidade Ademar (2,2%) e Sacomã (2,2%). Desigualdade salarial: A população que vive no distrito de São Domingos (ZN) ganha remuneração mensal média de 7,5 mil reais, valor 4,4 vezes maior do que a da população da Brasilândia (ZN), que ganha 1,7 mil. Barra Funda é o mais perigoso para população LGBTQIAP+: O Distrito da Barra Funda é o mais perigoso para a população LGBTQIAP+ na cidade de São Paulo. A cada cem mil habitantes, 67,3 foram vítimas de violência homofóbica ou transfóbica em 2021. Este número é 13,5x maior que a média geral da cidade. Barra Funda é o mais perigoso para as mulheres: O Distrito da Barra Funda é também o que registrou a maior taxa de feminicídio na cidade de São Paulo em 2021. Neste distrito, 6 a cada dez mil mulheres residentes de 20 a 59 anos foram vítimas de feminicídio. Este número é 8,5 vezes maior que a média geral da cidade, de 0,7 mulheres vítimas de feminicídio a cada dez mil moradoras. A Barra Funda é também o distrito com mais registros de violência contra a mulher de forma geral. Foram registradas 636,2 ocorrências para cada 10 mil mulheres residentes de 20 a 59 anos. A média geral da capital é de 234,6. Barra Funda é também o distrito com mais casos de violência ou injúria racial: O Distrito da Barra Funda é o mais perigoso também para a população negra. A cada 10 mil habitantes, 25,7 foram vítimas de violência ou injúria racial. Este número é 110,4 vezes maior que a média geral da cidade, de 1,6 vítimas para cada 10 mil habitantes. Violência policial: O Distrito da Sé é o que registrou a maior taxa de agressão por intervenção policial na cidade, considerando apenas as registradas em unidades de saúde. São 18,8 pessoas agredidas para cada 100 mil habitantes. A média total da cidade é de 0,9. Já no tópico mortes por intervenção policial, o distrito do Brás é que teve mais registros, com 8,1 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto a média da cidade é de 2,1. O estudo completo pode ser acessado pelo link

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