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sexta-feira, 21 de abril de 2023

Menor participação indígena no mercado de trabalho revela vulnerabilidades dessas populações

por Equipe Synergia Socioambiental – A menor participação indígena no mercado de trabalho revela preconceitos, estereótipos e falta de acesso à educação de qualidade, que impactam também em diversas outras áreas, demonstrando como essas populações ainda estão mais vulneráveis do que outras minorias. Em 2019, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontavam o crescimento no número de pessoas indígenas com ensino superior contratadas com carteira assinada, em relação a 2018. Até então, esses números eram considerados os melhores da década, e especialistas declaravam que o aumento das contratações estava relacionado à expansão do ensino superior no país – principalmente com a maior oferta de ensino à distância. E, além da adoção de políticas de ação afirmativa – como cotas – o aumento da quantidade de pessoas indígenas no ensino superior foi apontado como resultado da ampliação do contingente de alunos indígenas na educação básica. Pandemia trouxe retrocessos para população indígena no mercado de trabalho Em 2020, indicando um movimento de retrocesso em relação ao desenvolvimento que estava sendo alcançado, as principais notícias sobre a população indígena e o trabalho foram baseadas em uma pesquisa da FGV Social (Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas), que indicava que a pandemia de covid-19 havia afetado de maneira grave a participação indígena no mercado de trabalho. A partir de dados do IBGE relativos ao segundo trimestre de 2020, a pesquisa apontou que o desemprego aumentou mais entre o grupo de pessoas indígenas do que em outros grupos e indicou perda de 28,6% de renda. O alto índice de trabalho informal entre a população e o isolamento podem ter sido fatores que contribuíram para esse resultado. Vale destacar que estudos indicaram que, proporcionalmente, as populações indígenas foram mais infectadas do que a população em geral, e tiveram menor cobertura vacinal em comparação a outros grupos – principalmente por estarem em regiões de difícil acesso. Na época, um análise feita pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) chegou a indicar que a taxa de mortalidade pela Covid-19 entre indígenas da Amazônia Legal era 150% maior se comparada à média nacional. Dados atuais mostram que ainda não houve recuperação Os dados de 2022, divulgados pela Pnad Contínua do IBGE, evidenciaram que os desafios para se ampliar a participação indígena no mercado de trabalho ainda são muitos – e que não houve recuperação do ritmo de desenvolvimento anterior à pandemia. Atualmente, a população indígena no Brasil tem o maior número de profissionais em postos informais, a segunda maior taxa de desemprego – inferior apenas à taxa de pessoas pretas e pardas – e a menor participação no mercado de trabalho. A insercao dos indigenas no mercado de trabalho e um dos principais desafios da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Foto: Fenando Frazao/Agência Brasil A inserção de indígenas no mercado de trabalho é um dos principais desafios da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Foto: Fenando Frazão/Agência Brasil A falta de acesso à universidade e ausência de capacitação profissional para as pessoas e comunidades indígenas também foram destaques negativos e evidenciaram a falta de oportunidades: a mesma pesquisa apontou que das 42,9 mil pessoas indígenas desempregadas no terceiro trimestre de 2022, 59,6% possuíam até o ensino fundamental completo, 34,1% tinham o ensino médio completo e somente 6,3% possuíam o ensino superior completo. A inclusão, a criação de mais oportunidades de acesso à educação de qualidade e a inserção da população indígena no mercado de trabalho têm sido apontados como os principais desafios a serem enfrentados pela indígena Sonia Guajarara, primeira ministra a assumir o inédito Ministério dos Povos Indígenas – criado pelo governo atual. (Synergia/Envolverde)

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