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quarta-feira, 2 de novembro de 2022
O PRÓXIMO PASSO PARA A HUMANIDADE
Por Daniel Sega –
Nos últimos 50 anos têm se tornado cada vez mais comum a publicação de reportagens e artigos alertando que novas espécies têm entrado para a lista da IUCN, União Internacional para a Conservação da Natureza. Essa instituição é responsável por alertar ao público leigo o estágio de conservação das mais variadas espécies. É inegável que a extinção tem se tornado uma realidade para todos os seres vivos.
A extinção é um fenômeno considerado natural pelos biólogos, todo ano um número pequeno de espécies acaba desaparecendo do meio ambiente em que costumeiramente habitavam. Para este fenômeno, se dá o nome de extinção de fundo, ou seja, faz parte de um processo esperado no desenvolvimento de novas espécies.
A vida na Terra pode ser comparada a uma peça de teatro, na qual, os papéis são sempre os mesmos. No entanto, nessa peça, os atores estão constantemente sendo substituídos. Em termos técnicos pode-se alegar que os habitats raramente são modificados, porém os nichos ecológicos são constantemente substituídos.
Nicho ecológico é um termo utilizado para se referir a um conjunto de hábitos de uma determinada espécie, assim como os atores da analogia. Diferentes organismos podem substituir uns aos outros em seus papéis. Por exemplo caso a onça-pintada fosse extinta, em um habitat ideal outros predadores poderiam competir para se tornarem o predador de topo deste ecossistema.
A extinção de fundo como um processo natural abre espaço para diferentes animais ocuparem novos nichos, mantendo um considerável equilíbrio ecológico. Isso acontece de tal forma que está extinção nem mesmo pode ser percebida para um observador desatento.
A humanidade observava de forma tão desatenta as extinções de fundo, que até meados de 1790, considerava-se impossível uma espécie chegar a extinção. Em 1798 o paleontólogo francês Georges Cuvier revolucionou a ciência da época, ao concluir que algumas espécies já haviam se extinguido. A partir da análise de fósseis vindos da América do Norte, principalmente dentes de mamutes e mastodontes, percebeu que eram anatomicamente diferentes de qualquer ser vivo atual.
Os estudos revolucionários de Cuvier revelaram que nenhuma espécie é fixa, e possuem a capacidade de desaparecer completamente caso ocorresse alguma mudança, mínima que seja, em suas condições básicas de vida. Por fim concluiu que em algum dado momento, diferentes espécies habitaram, se reproduziram, morreram, e se preservaram por meio dos fósseis.
A extinção de criaturas gigantescas do passado, tal como os dinossauros e mamíferos da megafauna ocorreu devido a eventos rápidos de extermínio das condições básicas. Esses eventos, em sua maioria, ocorreram devido a questões como o vulcanismo, queda de asteroides, e mudanças climáticas, estes desastres recebem o nome de extinções em massa.
Uma extinção em massa se caracteriza por ser rápida e mortal, na qual as espécies envolvidas não são capazes de se adaptar ao novo meio. Por exemplo, à 66 milhões de anos, após a queda do asteroide na península de Yucatán, novas condições mortais foram criadas como tsunamis, inverno nuclear, terremotos e tempestades de materiais sólidos como o irídio, elemento químico raro no planeta, porém comum em rochas extraterrestres.
Como resultado da colisão, boa parcela da fauna e flora foi afetada, tanto que até mesmo os gigantes dinossauros não foram capazes de se proteger ou mesmo se adaptar ao novo ambiente.
Durante a história da vida têm se conhecimento de 5 grandes extinções em massa, sendo a maior delas ocorrida no permiano, por volta de 252 milhões de ano. Isso resultou no desaparecimento de 95 por cento de todas as espécies viventes, este foi o momento em que a vida esteve mais próxima de desaparecer por completo.
A humanidade com sua dominância tecnológica tem agido em prol da extinção de milhares de espécies, a ganância cega do Homo sapiens criou uma ilusão de que todos os recursos são inesgotáveis, e cada novo espaço conquistado o impacto pode ser sentido. Basta recordar a caça direta e desfreada – muito comum no passado – e que dizimou as grandes aves como os dodôs e araus-gigantes, caçadas exaustivamente para alimentação até sua extinção.
Atualmente, a ação humana sobre a extinção não vem somente da caça, mas também pela importação de espécies invasoras, destruição de habitats ricos em biodiversidade, mudanças climáticas, poluições diversas, como a por plásticos, e emissões de carbono em prejuízo do clima.
Oceanos vem se acidificando devido a absorção de carbono, e com isso destruindo a base do ecossistema, como os recifes de corais. Fontes de água na Costa Rica tem se tornado áreas desabitadas por anfíbios devido a doenças trazidas por espécies invasoras. Aves uma vez abundantes estão simplesmente desparecendo, neste cenário é inegável a ação para uma sexta extinção em massa está em curso.
Uma nova extinção em massa está se fundamentando, e diferente de todas as outras extinções já ocorridas, a causa deste evento é pelas ações de uma única espécie: o Homo sapiens. Ele está destruindo o habitat comum a outras espécies, a vida moderna traz uma falsa ilusão de independência da natureza. No entanto, caso a ação humana continue da mesma forma, a próxima espécie a ser alvo da sexta extinção em massa será o homem.
#Envolverde
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