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quarta-feira, 2 de novembro de 2022
Emissões por desmatamento crescem 20% no Brasil
Principal vetor para o aumento registrado em 2021 é o desmate na Amazônia, indicam dados do SEEG lançados nesta terça-feira
As emissões brutas causadas por desmatamento no Brasil cresceram 20% entre 2020 e 2021, indicam dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa) lançados nesta terça-feira, 1°. O desmate na Amazônia é o principal vetor para o aumento, sendo responsável por 77% das emissões por mudanças de uso da terra, setor analisado em recorte por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) no SEEG e que envolve emissões ligadas às alterações nos padrões do território, majoritariamente, por desmatamento e fogo associado.
O aumento nas emissões por mudanças de uso da terra registrado em 2021 é maior que o observado entre 2017 e 2018, de 18%, e em todos os anos anteriores. Só é superado pela alta que houve entre 2002 e 2003, de 20%. Todos os biomas cresceram em emissões causadas por desmatamento em 2021, com maior expressividade na Mata Atlântica (65%), na Amazônia (17%) e no Pantanal (15%). No Cerrado o aumento foi de 4%, na Caatinga e no Pampa, de 3%.
“A taxa de desmatamento em 2021 na Amazônia Legal foi de 13.038 km², o maior nível desde 2006, quando o desmatamento estava em franco decrescimento desde 27.772 km² em 2004. Isso demonstra que o aumento das emissões atualmente está refletindo esse retrocesso e a redução das ações de combate e fiscalização de desmatamento no país”, explica Bárbara Zimbres, pesquisadora no IPAM e no SEEG, responsável pelo cálculo de emissões por mudanças de uso da terra no Brasil, citando dados do Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
O SEEG também apresenta como dado adicional o impacto das queimadas não associadas ao desmatamento nas emissões, que são os incêndios florestais em vegetação nativa, por exemplo. Essas emissões ocorrem por conta da degradação da vegetação nativa atingida pelo fogo, mas atualmente não são contabilizadas no Inventário Nacional de Emissões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O destaque é que a consideração desse tipo de queimada elevaria em 8% em média as emissões anuais do país.
“O Brasil agora tem a chance de voltar a ser um dos protagonistas globais na redução das emissões de gases efeito estufa, reduzindo o desmatamento em todos os biomas e cumprindo os compromissos assumidos internacionalmente”, diz Julia Shimbo, pesquisadora no IPAM e no SEEG.
Além do setor de mudanças de uso da terra, o SEEG calcula as emissões brasileiras por agropecuária, energia, processos industriais e resíduos. Praticamente todos os setores tiveram alta nas emissões: 3,8% na agropecuária, setor que costuma ter flutuações pequenas nos gases de efeito estufa; 12,2% no setor de energia, a maior alta desde 1973; e 8,2% no setor de processos industriais e uso de produtos. O setor de resíduos foi o único com emissões estáveis de 2020 para 2021.
Os dados estarão disponíveis para consulta e download no site do SEEG. O lançamento ocorre nesta terça (1°/11) às 10h30, horário de Brasília, em transmissão ao vivo.
Sobre o SEEG
Foi criado em 2012 para atender a uma determinação da PNMC (Política Nacional de Mudanças Climáticas). O decreto que regulamenta a PNMC estabeleceu que o país deveria produzir estimativas anuais de emissão, de forma a acompanhar a execução da política. O governo, porém, não as produziu. Os inventários nacionais, instrumentos fundamentais para conhecer em detalhe o perfil de emissões do país, são publicados apenas de cinco em cinco anos. O SEEG foi a primeira iniciativa nacional de produção de estimativas anuais para toda a economia. Ele foi incorporado ao Observatório do Clima em 2013. Hoje, em sua 10ª edição, é uma das maiores bases de dados nacionais sobre emissões de gases estufa do mundo, compreendendo as emissões brasileiras de cinco setores (Agropecuária, Energia, Mudança de Uso da Terra, Processos Industriais e Resíduos). As estimativas são geradas segundo as diretrizes do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), com base nos Inventários Brasileiros de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa, do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
Sobre o IPAM
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia é uma organização científica, não governamental, apartidária e sem fins lucrativos que desde 1995 trabalha pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia.
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