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domingo, 5 de julho de 2020
Sustentabilidade e tempo para sermos humanos
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por Vilmar Berna, da Rebia –
Sim, a vida é feita de escolhas, o que não significa que escolhemos com total liberdade. Afinal, onde existe totalidade de alguma coisa não ser em nossas utopias?
Vivemos entre o zero e os 100 por cento de tudo. Tudo é relativo, um vir a ser. Não existe plena liberdade, plena democracia, plena justiça, muito menos plenitude de escolhas. E isso é bom, isso torna a vida interessante e desafiadora, por que significa que não existe destino traçado, que nada está pronto, tudo, inclusive a pessoa que queremos ser, no mundo que queremos viver, está por ser construído. Ou reinventado e ser reconstruído.
Mas não estamos sozinhos nessa tarefa. Hoje, contamos com leis, valores, regras, éticas, moral, conhecimento, inteligência, consciência, história, capacidade de aprender com os erros, de aprender com o passado e ressignificar o futuro. E ainda assim, somos livres para escolher o que vai ser. Vamos ser marionetes no palco da vida de alguém, ou vamos ter a coragem de tomar nosso destino em nossas mãos e escolher nosso próprio espetáculo?
Por isso a sustentabilidade é muito mais que um desafio socioambiental, é um desafio para o futuro da civilização humana. Nossa espécie precisa de mais tempo para ter chance de aprender, de evoluir, de se tornar potencialmente o que escolher ser. Porque não nascemos humanos, nem a humanidade é uma realidade de nossa natureza. Ser humano não é a nossa natureza, é nossa utopia. Pelo grau de violência, crueldade e injustiça socioeconômica que ainda existe no mundo, não parece que estamos indo muito bem.
Talvez andemos nos deixando cegar voluntariamente pelas mentiras e meias verdades dos poderosos.
Nadar contra o sistema, além de perigoso, requer coragem, mas pode ser a diferença entre uma vida com significado e outra não,
A pessoa que queremos nos tornar, assim como o mundo melhor que imaginamos construir, não estão prontos.
Felizmente, não começamos do zero, nem temos de nos angustiar em entregar a obra final 100 por cento pronta.
Somos herdeiros de milhares de anos de aperfeiçoamento dos instintos e técnicas de sobrevivência, deixados pelos homo-sapiens que nos antecederam, e mais de cinco mil anos de cultura e história.
Sim, podemos escolher viver nossa vida como se fosse um passeio, escolher olhar para o lado bom e belo da vida, como se o feio e o mal não existissem.
Também podemos ser autores mais corajosos de nossas próprias narrativas, gozar um pouco da liberdade que existe, apesar de relativa, entre limites que não dominamos, como os jogadores de uma partida cheia de regras e limites, e que ainda assim, admite belas jogadas, perdedores e vencedores.
O jornalista Vilmar Berna é um dos únicos três Brasileiros a receber o Prêmio Global 500 oferecido pela ONU, junto com os ambientalistas Chico Mendes e Fabio Feldmann. É o criador do Jornal do Meio Ambiente e depois da Revista do Meio Ambiente. Lidera uma das mais antigas e importantes redes de cidadania ambiental no Brasil, a REBIA – Rede Brasileira de Informação Ambiental.
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