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segunda-feira, 27 de julho de 2020
Letalidade da covid-19 é o dobro nas favelas em relação aos bairros ricos do Rio
A taxa de letalidade da covid-19 chega a ser o dobro nas regiões com alta e altíssima concentração de favelas com relação aos bairros sem favelas, no Rio de Janeiro (RJ).
Os dados são do primeiro Boletim Socioepidemiológico da Covid-19 nas Favelas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ainda segundo a publicação, a doença é mais letal em homens do que em mulheres e na população negra de territórios periféricos.
Bianca Leandro, pesquisadora do boletim e professora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), afirma que a pesquisa foi feita a partir de uma divisão do município carioca em cinco partes, que vão desde regiões sem favelas até aquelas com altíssima concentração de favelas.
“Com os dados, nós observamos uma periferização da doença ao longo do tempo. A doença inicia tendo seus primeiros casos em bairros com maiores e melhores de condições socioeconômicas, como Copacabana e Gávea, e ao longo do tempo vai se disseminando para outros, na zona norte e oeste”, afirma Leandro.
A pesquisadora também aponta para uma desigualdade no acesso aos testes entre as áreas analisadas. Os locais com sistemas de saúde mais estruturados oferecem mais acesso à testagem, o que possibilita um melhor atendimento e planejamento de política pública.
Os números mostram que apesar da covid-19 não escolher as suas vítimas, a qualidade da proteção e amparo sanitário e econômico oferecida pelo Estado determina qual é a parcela da população mais afetada pela doença.
Algumas dessas regiões são caracterizadas por baixa infraestrutura hospitalar e redes de saneamento básico e água precárias, além dos obstáculos populacionais para se cumprir o distanciamento social, como nos bairros Complexo do Alemão, Jacarezinho, Acari, Rocinha, Costa Barros, Vidigal e Barros Filho.
Essas regiões, que são consideradas de altíssima concentração de favelas, apresentam uma taxa de letalidade de 19,5%. Isso é o dobro dos bairros que não têm favelas (9,2%) e acima da taxa de letalidade do município (11,7%).
Segundo Leandro, “a dinâmica social no cotidiano da favela, sair de madrugada para trabalhar, usar transportes públicos muitas vezes lotados, ou se virar nos 30 para poder se manter são processos que determinam e explicam os diferentes padrões de adoecimento nessas populações”.
A pesquisadora também afirma que a “desestruturação do sistema de saúde”, bem como da rede de Atenção Básica de Saúde, no país, impactou o modo precário como os territórios conseguem responder à pandemia.
Em São Paulo, um estudo semelhante mostrou que a letalidade da covid-19 é 60% maior em bairros pobres do município de São Paulo em relação aos bairros ricos, segundo a pesquisa realizada pelo epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Lotufo, divulgada no dia 26 de junho.
Edição: Leandro Melito
Por: Ana Paula Evangelista – EPSJV / Fiocruz
Da EPSJV / Fiocruz, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/07/2020
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