Amazonia1 300x201 A Amazônia e o futuro que queremos
Foi discutida a importância da Amazônia como o bioma mais rico em biodiversidade do planeta e a sua população, com seus diferentes modos de vida baseados na relação com a natureza e sua dinâmica. Foto: Alex Silveira/ WWF-Brasil
“O Futuro Sustentável que Queremos para a Humanidade” foi o tema central de seminário organizado pela PUC-Rio, na manhã de segunda-feira, 22, data da chegada do papa Francisco ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude. O evento marcou o início da semana e mostrou parte do enfoque da Jornada, pois discutiu a importância da preservação da natureza como responsabilidade da fé e da ética religiosa e humana.
Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva, também representando a secretária geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, participou como palestrante do painel específico sobre sustentabilidade moderado pelo professor Fernando Walcacer, coordenador do curso de Direito Ambiental da PUC-Rio, e elogiou a abertura e disposição da Igreja Católica e da PUC-RJ em dialogar com outras organizações e pessoas que têm interesses comuns, mas que não são exatamente iguais. O especialista em meio ambiente apresentou a importância da Amazônia como o bioma mais rico em biodiversidade do planeta e a sua população, com seus diferentes modos de vida baseados na relação com a natureza e sua dinâmica. Ele também destacou o papel fundamental da Amazônia na regulação do clima global, não só pela enorme quantidade de carbono armazenada mas também pela importância na circulação da umidade na atmosfera”.
“A Amazônia sofre há 10 anos com os efeitos das mudanças climáticas, com secas e enchentes cada vez mais frequentes, e a intensificação dos fenômenos naturais de alto impacto. Isto afeta diretamente a dinâmica das populações tradicionais, que já estão habituadas com as características naturais da região, e utilizam de maneira sustentável seus recursos. Elas também são afetadas por políticas públicas que não consideram sua relação intrínseca com o meio em que vivem. A biodiversidade da Amazônia também está sob risco, pelas mudanças climáticas. Mas o impacto de uma Amazônia que sofre, e que está em risco, é ruim também para o mundo, pois, por exemplo, o fluxo de chuvas se altera nas grandes cidades, agravando o problema das enchentes, o que ocasiona mazelas para as populações mais pobres, que não são capacitados para se proteger destas consequências”, alertou.
Segundo Maretti, a função da Amazônia não é apenas a de acumular carbono, mas também a de manter a estabilidade dos processos na atmosfera, como o ciclo hidrológico. O desmatamento no Pará ou no Maranhão, por exemplo, gera descontinuidade da umidade que sai do Atlântico e vai para os Andes, o que impacta diretamente a biodiversidade local, e retorna com consequências ao Brasil pela bacia abaixo. Além disso, no centro-sul do Brasil e da América do Sul, as principais áreas agrícolas dependem desse fluxo de umidade, os chamados “rios voadores”, que saem da Amazônia para regular a chuva nas áreas de grande importância agrícola e pecuária.
O evento também contou com depoimentos de nomes importantes da Igreja Católica, como o Padre Josafá Carlos de Siqueira, reitor da PUC-Rio, do Poder Público, como Corrado Clini, Diretor-Geral do Ministério do Meio Ambiente, Terra e Mar da Itália, e do Comitê Organizador Local da Jornada Mundial da Juventude de 2013, na palavra de seu vice-presidente, Dom Paulo Cezar Costa. Segundo ele, “se queremos que exista um futuro para a humanidade e para toda a Criação, é necessário que o construamos hoje. Maravilhar-se do que foi criado, contemplar a natureza e ter uma visão de preservação”.
Durante a manhã, foi lançado o Manifesto dos Jovens Guardiões da Criação na Jornada Mundial da Juventude, lido por uma aluna de comunicação social da PUC-Rio em nome de toda a juventude que atende à JMJ. O Padre Enzo Fortunato, diretor da revista di San Francesco, na Itália, lembrou que o olhar franciscano deste manifesto acolhido pelos jovens ressalta quatro polaridades distintas: histórica, teológica, existencial e social.
Do ponto de vista da juventude, Claudio Maretti resgatou a necessidade de pensarmos juntos o futuro da Amazônia. “O futuro que queremos para todos depende da Amazônia ecologicamente saudável, que possa continuar fornecendo produtos e serviços dos ecossistemas. Assim, poderemos deixar um direito de escolha para as futuras gerações: o do desenvolvimento sustentável”, disse.
O WWF está na Jornada Mundial da Juventude participando de mesas de discussão sobre meio ambiente e com a realização e cessão de filmes sobre temática ambiental e sobre a relação entre fé e conservação da natureza. Os vídeos estão sendo veiculados nos canais da JMJ e do WWF.
Nesta quarta-feira, 24, o WWF participa do Fórum Social Juventude Viva, às 15h, no Centro de Referência da Juventude em Manguinhos. O evento faz parte da programação oficial da JMJ e é organizado pela Superintendência de Políticas Públicas para a Juventude do Estado do Rio de Janeiro, com apoio da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e Pastoral da Juventude.
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
(WWF Brasil)