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quinta-feira, 17 de março de 2011

7 argumentos contra energia nuclear

Nem só no Brasil, mas também em Portugal e em outros países lusofônicos, existem políticos que favorecem a energia nuclear. No momento, por exemplo, o website de um bloco de partidos de esquerda português colocou em debate público o uso da energia nuclear como proposta de programa de governo, a ser apresentada nas próximas eleições, em outubro de 2009. Tendo em vista a escassez de informação sobre o tema na língua portuguesa, o Dr. David Fig, economista político e sociólogo ambiental da África do Sul, autor do livro “Uranium Road”, apresentou 7 argumentos porque a Energia Nuclear não vale! E o socialista Mike Kantey, Presidente da Coalizão Contra a Energia Nuclear da África do Sul, chamou a atenção para que as ações da esquerda não entre no caminho do urânio e do stalinismo.

O artigo é de David Fig, socioambientalista e economista político da África do Sul, e publicado por EcoDebate, 06-07-2009.

David Fig, possui doutorado em relações Sul-Sul pela London School of Economics e se especializou em questões de energia, comérico, biodiversidade e responsabilidade corporativa. Os seus livros mais recentes são “Uranium Road: Questioning South Africa’s Nuclear Direction (Jacana, 2005) e Staking their Claims: Corporate Social and Environmental Responsibility in South Africa (UKZN Press, 2007).

Eis o artigo.

Energia nuclear é cara demais
Energia nuclear é extremamente subvencionada pelo Estado. A energia nuclear tem altíssimos custos (na construção) e no processo de enriquecer o urânio. Também altos custos para o depósito do lixo atômico, além dos custos de descontaminação e demolição (decommissioning) dos reatores velhos que não são declarados. Energias renováveis (energia solar e eólica) tem algum custos iniciais – muito menos do que da energia nuclear – e no final, o sol, o vento e as ondas do mar são de graça e para sempre. Também os custos de fiscalização da indústria nuclear são enormes e um custo extra para o Estado e o seu financiador, o povo!

Energia Nuclear esquenta o clima global
Ainda existe o mito de que a energia nuclear não produz dióxido de carbono. Mas a realidade é que o ciclo da energia nuclear é um processo intensivo com alta produção de dióxido de carbono: mineração, moagem, produção de yellow cake (oxido de urânio concentrado), enriquecimento, construção dos reatores e usinas nucleares com milhares de toneladas de concreto, o transporte dos materiais radioativos a longas distâncias, depósito de lixo nuclear, descontaminação dos reatores velhos, etc.

Segurança Energética
Com a opção de Energia Nuclear, Portugal vai ficar dependente dos países produtores da tecnologia e dos componentes das usinas nucleares. Portugal tem muito sol e vento, portanto possui melhores opções e com mais segurança para criar energia.

Pouco emprego
Em comparação com a tecnologia eólica ou solar, a energia nuclear criar poucos empregos. Energias renováveis precisam de trabalhadores locais para a construção local e manutenção. Os empregos são criados localmente e ficam no local, por isso os comunidades ganham.

Os riscos de contaminação
Sempre há um risco de contaminação com radiação, independente se a usina nuclear funciona perfeitamente com um bom sistema de segurança (“good” safety record). Emissão de isotopos radiativos de césio e estrôncio sempre acontecem, isso é uma contaminação “normal”, conhecida na linguagem internacional como contaminação “standard” das usinas nucleares. Acidentes com vazamento de radioatividade já aconteceram em várias usinas nucleares no mundo. Trabalhadores sofrem mais tarde de doenças graves como leucemia. E mais: o lixo nuclear precisa ser depositado de forma totalmente isolada do meio ambiente para um tempo de 244 mil anos! E até agora a tecnologia para garantir isso de forma perfeita ainda não existe.

Energia nuclear significa produção de eletricidade centralizada
A opção de energia nuclear está relacionada com a produção de eletricidade centralizada. Isso significa que quando uma coisa dá errado, milhares de pessoas ficam sem energia no mesmo momento. Energias renováveis e descentrais não tem este risco!

Energia nuclear é anti-democrática
A indústria nuclear é por sua natureza secreta e sem transparência. Em alguns países, foi criada uma polícia especializada para cuidar dos materiais radioativos contra o roubo pelos “terroristas”. Com este argumento, a indústria nuclear contribui para a diminuição dos direitos democráticos da sociedade, porque cria um “Estado de Segurança”, um tipo de Estado que o população portuguesa combateu durante a sua Revolução de 1974.

Nota do EcoDebate:Mike Kantey, presidente da Coalizão Contra a Energia Nuclear da África do Sul (Coalition Against Nuclear Energy of South Africa) concorda com os argumentos do Dr. David Fig e completa: “Para mim, como apoiador dos princípios socialistas e como um ex-membro do Congresso Sul-Africano (African National Congress), os fatos são muito claros: Uma economia centralizada e planificada sempre favorece a produção de energia centralizada e capital intensivo sem respeitar o povo. O contrário é a “people-friendly” – produção descentralizada da energia”. Essa forma de produção descentralizada é muito mais barata, muito mais limpa e cria inovação, favorece pequenos produtores, cria muito mais trabalho e combina melhor com as ecologias locais.

Mike Kantey completa: “Esperamos que os socialistas portugueses incorporem uma visão eco-socialista do século XXIà lá Andre Gorz e Murray Bookchin e não a miopia anti-democrática e homicida ao modo de Joseph Stalin do século XIX.
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FONTE :IHU

Um comentário:

Guilherme disse...

Em junho de 2009, segundo o Panorama da Energia Nuclear no Mundo escrito pela Eletronuclear ( http://www.eletronuclear.gov.br/pdf/panorama.pdf ), existiam 436 reatores em 31 países, e 14 países estavam construindo 45 novos reatores. Hoje esses números devem ser maiores. Segundo o mesmo documento, Mohamed El- Baradei, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica declarou que atualmente cerca de 50 países visam ter fontes energéticas nucleares, e que as potências em expansão querem multiplicar o número de usinas em seu território. Muitos governos consideram a ampliação internacional da energia nuclear uma opção à mudança climática e uma alternativa às oscilações do preço dos produtos energéticos, além de ser uma proteção à incerteza sobre os combustíveis fósseis, mas a iminente expansão da energia nuclear em todo o mundo requer que os governos atuem com responsabilidade nessa empreitada. (EL-Baradei -28.10.2008 - United Nations General Assembly).

Minha pergunta é: SERÁ QUE REALMENTE VALE A PENA CORRER UM RISCO TÃO GRANDE PARA A VIDA EM NOSSO PLANETA ? Na minha opinião apesar dos argumentos positivos acima, os riscos são muito maiores. A energia nuclear deveria ser definitivamente banida de nosso planeta. Vamos inovar e criar algo que não ofereça riscos tão grandes à vida!! Apesar de improvável, mas não impossível, imaginem se metade desses reatores em todos esses 45 países explodissem ao longo de 1 ou 2 semanas. Deus nos livre!!!