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sábado, 12 de setembro de 2009

BALEIAS FRANCA EM SC



Baleias franca buscam abrigo no litoral catarinense nesta época do ano e encantam pessoas dispostas a viajar quilômetros para um momento com os gigantes mamíferos

Quando os motores do barco são desligados, o guia diz, em tom baixo:

– Gente, é muito importante não falar alto. Numa maternidade, se alguém grita, a mãe pede silêncio para não assustar o bebê. Pensem que aqui é uma maternidade.

Como num passe de mágica, todos silenciam. As conversas acontecem por gestos, sobretudo para indicar a aparição das protagonistas do mar catarinense nessa época do ano.

As gigantes, porém elegantes baleias franca hospedam-se por aqui entre julho e novembro, para procriar nas águas mornas. Bom para elas, melhor para os catarinenses e turistas que vêm de outros estados e países assistir ao verdadeiro show que as baleias dão nas águas.

Cresce ano a ano o número de pessoas que rumam para o litoral catarinense na expectativa de vê-las. Como a família Franceschi, de Curitiba. Num sábado de manhã, desembarcaram em frente a uma operadora que leva turistas aos pontos de aparição de baleias, o pai Paulo, 58, a mãe Sandra, 52, e os filhos Leonardo, 26, e Enzo, 25.

O fim de semana que escolheram para o passeio foi especialmente ensolarado. E as baleias não decepcionaram. Depois de um trajeto de 20 minutos entre a Praia do Porto e as praias Ribanceira e Ibiraquera, em Imbituba, a família pôde acompanhar, durante uma hora, as nadadas e gracejos de mais de uma dezena desses cetáceos.

– Há anos eu leio sobre a migração de baleias franca para o litoral catarinense nessa época. E demos sorte. O tempo ajudou, as baleias ajudaram – diz Paulo, um auditor fiscal que vem sempre ao Estado.

– Gosto das praias, mas sobretudo da Serra – conta ele, ao lembrar que os filhos Leonardo (designer gráfico) e Enzo (turismólogo) preferem as praias, para surfar.

Os Franceschi aproveitaram para passar o fim de semana na Barra do Ibiraquera, em Imbituba. Esse é, aliás, o raciocínio de muitos turistas: o objetivo da visita é ver os gigantes mamíferos, mas, como o encontro só se dá se as baleias quiserem se mostrar, as pessoas aproveitam para passar o fim de semana inteiro (e, às vezes, prolongado) na região, onde pousadas charmosas e aconchegantes dão um toque glamouroso ao passeio.

Os casais Rafael Siviero, 41, e Morgana Megiolano, 28, e Nathaniel Rocha, 26 e Graziela Megiolano, 32, chegaram de Bento Gonçalves (RS), onde moram, na sexta-feira. Ficariam em Imbituba até segunda-feira. Nathaniel, advogado, soube da aparição das baleias há quatro anos, quando fez um batismo de mergulho em Bombinhas. Ali, a curiosidade surgiu.

Graziela, relações públicas, ouviu, dias atrás, o depoimento de uma jornalista americana dizendo que ver de perto as baleias foi a maior emoção que já sentira.

– Isso foi o que mais me empolgou. Se é tão emocionante, também quero ver – contou Graziela, que é irmã da arquiteta Morgana.

Rafael, administrador, confessou que desembarcou em Garopaba para descansar e as baleias estavam em segundo plano.

A indiferença de Rafael acabou ao enxergar os cetáceos passeando lado a lado com seus filhotes, emitindo esguichos de água que emanam um som que se integra naturalmente ao ambiente, e exibindo seus corpos compridos.

Quase no fim do espetáculo, Rafael exibia sua grande foto, que flagrava o momento em que uma baleia levantava as nadadeiras da cauda, provavelmente o momento mais emocionante do passeio, quando o silêncio pedido pelo guia lá no início foi rompido por sons de surpresa e admiração.

A levantada da nadadeira foi um momento exibicionista da baleia, segundo os biólogos.

– As baleias têm personalidade. Umas se afastam, outras se aproximam e se exibem e tem também as que não se importam com a presença dos humanos – explica a bióloga Audrey Amorin, gerente de campo do Projeto Baleia Franca, ao contar que o turismo de observação começou em Santa Catarina há 10 anos e, desde 2002, é feito um monitoramento do comportamento do mamífero antes, durante e depois do passeio.

Os resultados da pesquisa, segundo a bióloga, demonstram que os cetáceos não sofrem com os olhares humanos de perto. Para a comunidade local, a inserção desta modalidade turística significa uma oportunidade de renda e de – acreditem – fazer com que a população acredite que a aparição de baleias no litoral catarinense não é lenda.
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FONTE : DC (edição de 12/set/2009)

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