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terça-feira, 27 de maio de 2014

Desafios para a conservação do mico-leão-dourado

A família Callitrichidae inclui os gêneros Cebuella, Callithrix, Saguinus e Leontopithecus. O gênero Leontopithecus é representado por quatro espécies: Leontopithecus rosalia (micoleão-dourado), Leontopithecus chrysomelas (mico-leão-dacara-dourada), Leontopithecus chrysopygus (mico-leão-preto) e Leontopithecus caissara (mico-leãoda-cara-preta), que fazem parte de listas nacionais e internacionais de espécies ameaçadas de extinção.
O mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é um primata de pequeno porte, com comprimento médio de 587 mm e peso médio de 499 g, endêmico da Ma ta Atlântica de Ba ixada Costeira do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, L. rosalia encontra-se restrito a fragmentos de mata de apenas oito municípios do Estado Rio de Janeiro: Silva Jardim, Rios das Ostras, Casimiro de Abreu, Cabo Frio, Armação dos Búzios, Araruama, Saquarema e Rio Bonito. Costuma viver em galhos de árvores e dormir em ocos localizados nas mesmas, geralmente, abandonados por outras espécies.
Na floresta, micos-leões-dourados podem viver até 12 anos. A espécie tem hábitos diurnos e costuma formar grupos de dois a oito animais, com uma média de 6 animais por grupo. O período reprodutivo vai de setembro a fevereiro e normalmente há apenas um casal reprodutor por grupo. A gestação dura 4 meses e geralmente nascem dois filhotes, podendo nascer até três, em casos mais raros. Sabe-se que em anos com abundância de frutos, algumas fêmeas conseguem gerar uma segunda cria.
O sistema social desses animais é cooperativo. Os indivíduos do grupo ajudam na criação dos filhotes, seja carregando ou fornecendo alimento para os mesmos. Micos-leões são considerados animais frugívorosinsetívoros, tendo a morfologia do corpo adaptada para a exploração de micro-habitats na busca de presas. A dieta da espécie é constituída por frutos, néctar, invertebrados e pequenos vertebrados. Os frutos mais consumidos são os doces, carnosos e macios.
Apesar de L. rosalia ser usualmente relacionado a florestas primárias, devido à maior disponibilidade de ocos, que são utilizados como locais de dormida, bromélias e epífitas para forrageio, atualmente, ocorre principalmente em área de vegetação secundária com diferentes graus de alteração.
Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado
Localizada às margens do Oceano Atlântico, no Estado do Rio de Janeiro, Sudeste do Brasil, na chamada Região dos Lagos, a cidade de Cabo Frio apresenta diversas belezas naturais, estando inserida dentro do bioma Mata Atlântica, área altamente impactada e ameaçada devido à ação do homem, com diversos ecossistemas de grande relevância ecológica, como praias, dunas, restingas e ilhas, entre outros.
A ocupação da Mata Atlântica aconteceu de forma desordenada ao longo das últimas décadas e hoje, cerca de 70% da população brasileira, mais de 100 milhões de pessoas, residem em suas áreas originais, tendo reduzido sua área total em mais de 93%.
O bioma é classificado como um dos HOTSPOTS existentes na Terra, ou seja, como área natural de alta biodiversidade vulnerável à extinção, já que concentra uma grande diversidade e quantidade de espécies vegetais e animais. O risco evidente de extinção de espécies da flora e fauna, que só ocorrem na Mata Atlântica, gerou um aumento significativo de esforços direcionados na criação e implantação de áreas protegidas ao longo desse bioma.
Acompanhando essa corrente de pensamento conservacionista, a Prefeitura Municipal de Cabo Frio (PMCF), junto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA), criou a partir da década de 80, sete Unidades de Conservação denominadas Parques Naturais Municipais.
413cUma delas é o Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado, uma das únicas Unidades de Conservação no mundo com uma população residente da espécie, que é endêmica da Mata Atlântica brasileira e considerada ameaçada de extinção.
O Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado, localizado em Tamoios, 2º Distrito de Cabo Frio, possui uma área total de 645 hectares, divididos em seis zonas verdes de vegetação, denominadas glebas. A área é classificada como de preservação integral, com leis específicas que não permitem a instalação de comunidades humanas em seu interior. Porém, problemas de origem antrópica, como invasões e ocupações irregulares de áreas no interior e entorno do Parque, vêm gerando uma urbanização desordenada, impulsionando o parcelamento do solo em um complexo de loteamentos e condomínios e, dessa forma, causando a fragmentação e a degradação das áreas remanescentes de Mata Atlântica, onde o Parque está inserido.
Principais ameaças
Atualmente, as principais ameaças enfrentadas pelo mico-leão-dourado no Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado são: a destruição do habitat, proveniente de queimadas e desmatamentos no interior e no entorno do Parque, que reduzem drasticamente as áreas remanescentes de Mata Atlântica, o aumento do tráfego de veículos de pequeno e grande porte (caminhões) que trafegam em alta velocidade pelas ruas, avenidas e estradas que cortam a área, constituindo uma séria ameaça para a fauna, já que algumas espécies, especialmente de mamíferos, morrem atropeladas, e a caça ilegal, que diminui a população já bastante reduzida da espécie no Parque.

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