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sábado, 29 de maio de 2010

CLIMA E PREVENÇÃO EM SANTA CATARINA

Responsável pelo fornecimento de água para cerca de 113 mil moradores da Capital, a Lagoa do Peri, maior reserva de água doce da Ilha de Santa Catarina, corre o risco de ter suas águas salgadas pela invasão do mar como mais um dos resultados funestos do processo de erosão da Praia da Armação, acelerado pelas fortes ressacas que estão ocorrendo nesta temporada de tantas adversidades climáticas. De acordo com estudo técnico, a salinização da lagoa pode ocorrer em dois ou três meses, se obras de prevenção não forem realizadas de imediato. Ou seja, como em relação a outras ameaças semelhantes, não há mais tempo a perder. Sabe-se o que precisa ser feito, são conhecidas as graves consequências do fenômeno para toda a Ilha-Capital, hoje vítima de um processo continuado de devastação ambiental que chegou a um ponto limite.

Cabe observar que já não mais se trata apenas de residências destruídas pela força do mar revolto, por inundações, deslizamentos de encostas causadas por chuvas torrenciais, por vendavais e outras ocorrências que expressam a reação da natureza agredida e superexplorada em nome do desenvolvimento econômico a qualquer preço. Um preço que, agora, está sendo duramente cobrado, tanto em patrimônio quanto em vidas. É o futuro que está em jogo.

A Ilha de Santa Catarina, com seu frágil ecossistema, está especialmente exposta a essas consequências extremas. É quase inacreditável a facilidade com que a legislação ambiental é desafiada. O espírito predador e a ganância motivam os piores delitos contra a preservação do meio ambiente e do patrimônio público, que incluem a invasão de áreas de preservação permanente, manguezais, dunas e margens de rios.

A inércia e a lentidão da burocracia estabelecida, seja para combater a transgressão e punir o infrator, seja para providenciar obras de prevenção capazes de evitar tragédias maiores não podem continuar. Não há mais tempo a perder. E não apenas na Capital, eis que temos áreas de risco em quase todo o território estadual, que exigem estudos, planejamentos e investimentos em obras desta natureza – da contenção de encostas à dragagem de rios, da recomposição das faixas de areia nas praias roídas pelas ressacas e marés à abertura de canais de drenagem em áreas de várzeas. Menos burocracia, mais eficiência, mais ação. É para já.

Todo esse contexto de tantas aflições e temores ante as ameaças climáticas comprova, uma vez mais, que crescimento econômico, pura e simplesmente, não é certeza de desenvolvimento, que envolve outras duas dimensões além do crescimento: a justiça social e a sustentabilidade ambiental.

É preciso que a população, os investidores e, principalmente, os governos se convençam de que as esferas ambiental e social são indissociáveis e não podem ser postas de lado em qualquer projeto de futuro.

As alterações climáticas nos ameaçam. E, como, eloquentemente, alertou o senador e ex-vice-presidente da República Marco Maciel, em recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, “ninguém pode se descuidar de qualquer dimensão dessa que é a grande questão deste início do século 21”.
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FONTE : editorial do Diário Catarinense (edição de 30/maio/2010)

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