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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ônibus que não polui começa a rodar em SP


Corredor em São Paulo estreia coletivo movido a hidrogênio em 1º de julho; Brasil é um dos seis países capazes de construir veículo do tipo.

A partir de 1º de julho, os usuários do corredor de ônibus Jabaquara-São Matheus (que vai da zona sul à zona leste da cidade de São Paulo, cortando 33 km) poderão encontrar um coletivo diferente. Silencioso, de cor azul clara , vidros escuros, com ar-condicionado, é assim que o primeiro ônibus movido a hidrogênio do Brasil se apresentará a seus passageiros.

Fruto de cinco anos de trabalho de um projeto que envolve Ministério do Meio Ambiente, EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), PNUD e GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente), o ônibus não emite um miligrama de poluição. O hidrogênio é combinado, por meio de reações químicas, com o oxigênio da atmosfera, gerando uma corrente elétrica que move os motores e liberando, no lugar do CO2, vapor de água.

O veículo que teve lançamento adiado (a previsão inicial em 2008) em razão de atrasos na fabricação já está pronto para rodar. Com capacidade para levar 63 passageiros, funcionará por 60 dias em caráter de teste, e depois será incorporado à frota da cidade, como um ônibus comum. A partir daí começam a ser fabricados mais três veículos do tipo, que devem ser entregues entre maio e julho de 2010. “O objetivo agora não é substituir a frota atual, mas estudar o comportamento do transporte limpo numa cidade como São Paulo, em comparação com outros combustíveis, como o diesel”, explica Carlos Zündt, gerente de planejamento da EMTU e coordenador do projeto.

Além dos outros três coletivos, o projeto pressupõe ainda a construção de um fábrica para produzir hidrogênio a partir da eletrólise da água (separação dos átomos de hidrogênio e oxigênio). Com previsão para início das obras em julho, a fábrica deve ficar pronta em seis meses. Até lá, o ônibus que começa a rodar no dia 1º usará hidrogênio produzido a partir do gás natural, um combustível fóssil. “A premissa é ser totalmente limpo, num ciclo fechado. Começa com água e energia e termina com água e energia”, define Zündt.

Por ser abundante e não poluir, o hidrogênio é considerado como uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis. De acordo com o gerente de planejamento da EMTU, já existem no mundo mais de 5 mil veículos que usam este gás para conseguir energia. Ele cita dados da IPHE (Sociedade Internacional para a Economia do Hidrogênio , que afirma que em 2015 o combustível já deverá ter uma distribuição em escala, estando presente em postos da Europa e dos EUA (no Brasil, a previsão é que isso ocorra em 2020). Zündt cita ainda outra estimativa do renomado físico italiano Cesare Merchetti (um dos pioneiros na pesquisa do hidrogênio como alternativa energética) de que, em 2080, 90% dos veículos do mundo serão movidos a hidrogênio.

Mas, se o hidrogênio é tão abundante e tão limpo, porque usamos petróleo e seus derivados até hoje como combustível? Um dos motivos é o alto custo de produção do hidrogênio. O processo de extrair hidrogênio da água através da eletrólise é caro. Zündt, entretanto, coloca outros fatores na conta: “O diesel só é muito mais barato [que o hidrogênio] para os leigos. Ele é o pior combustível que existe. É preciso considerar o gasto público com doenças respiratórias em função da poluição, do enxofre, da chuva ácida. Somando isso, o diesel tem um custo 200 vezes maior do que o hidrogênio”, argumenta.

“Os países já acordaram para essa questão e estão investindo pesado nisso”, afirma o coordenador do projeto. Segundo ele, o Brasil já foi contatado por empresas interessadas em comprar veículos do tipo. A tecnologia do “ecoônibus”, porém, não é somente brasileira. A construção foi possível graças a uma parceira entre diversas empresas (nacionais e internacionais) que trouxeram de fora tecnologia essencial para o projeto, como as células de hidrogênio, responsáveis por “tirar” energia do gás. “Não fabricamos, mas sabemos como grudar as partes”, brinca Zündt. O simples “grudar” não é pouca coisa. É graças à maneira nacional de construção do veículo que o ônibus a hidrogênio brasileiro é o mais barato do mundo, ressalta o gerente da EMTU. A produção desse tipo de ônibus está restrita a um grupo de apenas seis países, do qual o Brasil faz parte e tem ainda China, EUA, Alemanha, Holanda e Japão.
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FONTE : Mariana Desidério, do Pnud (Envolverde/PNUD Brasil)

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