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sábado, 10 de setembro de 2022

Projetos na Amazônia devem considerar as existências do território, diz antropólogo

Para Markus Kröger, pesquisador finlandês que estuda a região desde 2005, é necessário um modelo de pensar a região a partir dos seus povos A primeira vez em que finlandês Markus Kröger se interessou pela Amazônia foi em 2005, quando atuou como intérprete para um grupo de ribeirinhos e seringueiros que viajaram ao seu país. Desde então, o antropólogo pesquisa diversas regiões da Amazônia, analisando o impacto de grandes empreendimentos e do agronegócio nas relações entre as existências da região. Professor associado de Global Development Studies da University of Helsinki, Kröger publicou três livros, dos quais dois envolvem a Amazônia. Em Iron Will – Global Extractivism and mining resistance in Brazil and India, o antropólogo descreveu resistência de comunidades locais contra a mineração de ferro entre 2005 e 2015, no Brasil e na Índia, quando o preço do ferro estava valorizado. Em Extractivisms, existences and extinctions – monoculture plantations and Amazon deforestation, Kröger analisou as similaridades entre as florestas Amazônica e finlandesas, e entre seus povos tradicionais, salientando a importância das existências das florestas, ou seja, de toda a vida que existe nelas. Para o professor, as justificativas das grandes empreitadas que desmatam a floresta e a substituem por soja, prometendo desenvolvimento e progresso, não dão espaço para a principal questão que envolve a Amazônia: os seres vivos da floresta que é derrubada. “Hoje em dia, se fala de classe, de opressão em termos de capitalismo, se faz uma análise de economia política, de desenvolvimento, industrialização, se fala que são áreas periféricas, que não têm tanto lucro ou valor adicionado na produção por causa de exportação de recursos primários, como ferro e soja, e que precisaria industrializar”, explica Kröger. “Mas essa discussão é errada, porque ela não está focada no assunto de existências, que é o mais importante”, afirma. “Eu acho que o mais importante é considerar que têm existências em pauta aqui, seres vivos que estão vivendo nesses lugares, não somente seres humanos como indígenas, mas também todos os animais. Plantas, ecossistemas, árvores, florestas. E os estão destruindo, e eles não podem mais viver naquele espaço”. Para preservar a Amazônia e melhorar a qualidade de vida dos povos amazônicos, Kröger acredita que são necessários uma transmodernização da Amazônia com um modelo próprio para região e investimentos em saúde, educação e sistemas agroflorestais. Veja a entrevista completa com Markus Kröger feita pelos pesquisadores Fátima Cristina da Silva e Anselmo da Silva para a Amazônia Latitude. Publicado originalmente em Amazônia Latitude (#Envolverde)

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