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sexta-feira, 13 de maio de 2022

FOME EM CONTEXTOS SOCIAIS

Por Liliana Peixinho* – Um Brasil no topo da produção de alimentos e em paralelo um país onde 20 milhões passam fome e 14 milhões estão desempregados. No meio desse cenário: gestão desastrosa da pandemia; medidas econômicas, políticas e sociais ineficientes, irresponsáveis, criminosas. Uma crise com repercussões negativas na Saúde, Educação, Segurança, Infraestrutura, Economia. Nessa entrevista à jornalista Liliana Peixinho o professor, engenheiro florestal Oscar Augustín analisa e faz as conexões entre fome e contextos políticos sociais. LP- O Brasil vive cenário de alta violência (roubos, assaltos, fome, mortes, descaso à vida) em manchetes jornalísticas de pavor social. Como observa, analisa, esse cenário? OA- Na verdade o Brasil sempre foi violento e com pouco apego à igualdade e justiça porque conviveu com mais de 300 anos de escravidão. A pandemia apenas escancarou muitos dos problemas que antes eram velados. Como bem nos lembra a prof. Lilia Schwarcz no seu livro “Sobre o autoritarismo no Brasil” (2019), depois de tantos séculos de vigência do sistema escravocrata, fundamentada na violência, que implica a propriedade de uma pessoa por outra, criou-se uma forte hierarquia entre uma elite branca que detinha o mando e o restante da população (negros, índios e mestiços) que deveriam obedecer. Dizer que o Brasil está muito polarizado é, no mínimo, desconhecer a história. O descaso pela vida dos mais miseráveis esteve sempre presente desde a colonização; a Constituição cidadã de 1988 tentou mitigar esses problemas. Mas, após de 30 anos, muitos problemas estruturais não foram resolvidas. Vivemos um cenário de alta violência porque hoje é muito mais registrado pelos diferentes canais de informação. Além disso, por causa das medidas não condizentes com a pandemia, hoje vivemos uma grave crise econômica. Há um empobrecimento de uma parcela significativa da população por causa do desemprego exacerbando a desigualdade. LP- A pandemia expôs feridas abertas pela desigualdade social: Ricos mais ricos, pobres mais pobres. Num mundo onde há sinalizações para uma nova Economia Circular, Sustentável em harmonia com a grande matriz produtora, recursos naturais, como observa o movimento do capital apressado, concentrador, excludente, desumano, criminoso, na exploração da produção à qualquer custo? OA- Sobre a Nova economia circular que seja sustentável, tenho minhas dúvidas. O tema é complexo e mereceria outra reportagem. Atualmente a economia global está consumindo 100 bilhões de toneladas de materiais por ano. Ou seja, retiramos da natureza 100 bilhões de toneladas para transformar em produtos industriais. Uma forma de entender esse impacto é justamente mediante a Economia Circular que mede quantas vezes somos capazes de reciclar os produtos. De todos os minerais, combustíveis fósseis, metais e biomassa que entram na economia a cada ano: em 2018 era 9,1% e apenas 8,6% eram reciclados em 2020. Isso mostra que a circularidade está estagnada: em outras palavras, por mais que tenha aumentado a reciclagem, a quantidade de coisas produzidas foi exacerbadamente maior. Com isso, a percentagem de reciclagem acaba sendo menor (fonte The circularity gap report (2020), disponível em https://www.circle-economy.com/resources/circularity-gap-report-2020). Achar que o sistema atual está dando certo é prova de cegueira mental avançada; dai a necessidade de buscar soluções fora do capitalismo. LP- O que pode falar sobre a relação humana entre desejos X necessidades ? OA-Partimos do princípio das necessidades humanas básicas de sobrevivência e reprodução: alimentação, moradia e vestimentas. O sistema capitalista cria nas pessoas o desejo antes que a necessidade. Daí surgem os conceitos de obsolescência programada (as indústrias produzem mercadorias de vida curta) e a obsolescência perceptiva (a pessoa ‘perceve’ que faltam produtos para estar na moda e/ou ser feliz). O sistema não se preocupa com as necessidades reais das pessoas: procura sempre criar desejos para que haja mais consumo. Todo isso tem que ver com o coração do sistema capitalista que é o consumo, o que faz girar a economia. Isso cria uma carreira desenfreada para trabalhar, comprar e descartar cada vez mais produtos e serviços. Importante mencionar que o capitalismo cria ‘narrativas’ para projetar nas consciências uma imagem invertida de si, de modo que a desordem que produz (produção e consumo desenfreado) surge como ordem natural das coisas. Hoje se fala muito em “correrias”, mas estamos sabendo para onde a humanidade está correndo? O historiador Yuval Noah Harari, em seu livro “Homo deus” (2016) nos fala que, as vezes a gente pode reagir esperando que alguém pise nos freios para desacelerar nesta carreira desenfreada de consumismo. Contudo, ele diz que não podemos pisar nos freios, por 2 motivos principais: Primeiro, ninguém sabe onde os freios estão. Embora alguns especialistas conheçam bem os desenvolvimentos em algum campo, ninguém é especialista em tudo. Ninguém, portanto, é capaz de ligar todos os pontos e enxergar o quadro completo. Como ninguém compreende o sistema na sua totalidade, ninguém pode fazê-lo parar; Segundo, se alguém de algum modo conseguir pisar nos freios, nossa economia e a sociedade vão entrar em colapso. A economia moderna precisa de um crescimento constante e por tempo indefinido para sobreviver. Se o crescimento parar, ela se despedaçará. É por isso que o capitalismo nos incentiva a centralizar nossos desejos no consumo permanente. LP- Em ambientes onde o consumo é estimulado por marketing agressivo e massivo, inconsequente, distante de soluções para os alertas da Crise Climática sobre a vida na Terra, o que o cidadão, a Sociedade, pode fazer para se proteger em princípios de prevenção à saúde integral e coletiva? OA- O aquecimento global está acarretando a Emergência climática, discutida na última COP26 em Glasgow meses atrás. O cidadão tem muitas ações para realizar iniciando com as escolhas alimentares: o que colocamos no prato no cotidiano decide o planeta que queremos viver. Optar por consumir mais alimentos de origem vegetal e limitar (ou até eliminar) o consumo de carne é o primeiro passo. Todas as pessoas precisam diminuir o consumo de bens e serviços, cuidar da água, reciclar, comprar alimentos locais (preferencialmente orgânicos) entre outros. Mas ainda é insuficiente perante a nossa problemática socioambiental. Se queremos salvar o planeta, o voto é muito mais importante comparado com as escolhas individuais. Escolher governantes realmente preocupados com a população e não apenas cuidando do lucro das grandes empresas é o primeiro passo para a emergência climática. Isso porque as mudanças climáticas estão se acelerando muito rapidamente e não vai dar tempo para as adaptações de nossa espécie e muitos outros seres vivos pluricelulares. Por isso, além de sua escolha de alimentos diariamente, nas próximas eleições (país, estado, município) escolha governantes comprometidos com a planeta e não apenas com o lucro das empresas. Chamo a atenção sobre greenwashing, prática de propaganda enganosa de algumas empresas. Essas propagandas induz ao consumidor de que a empresa está comprometida com a sustentabilidade, mas somente é propaganda. PD: tem um vídeo da BBC news “O desafio da Coca-Cola, apontada como maior poluidora por plástico do mundo”, que mostra o exemplo do greenwashing (https://www.youtube.com/watch?v=WaLYUsiuNh8 ) LP- Cidades brasileiras como Salvador, na Bahia, Nordeste e outros, Brasil afora, a violência diária, com roubos, assaltos, agressões domésticas, tem aterrorizado a vida, ruas afora, residencias adentro. Brasil adiante. Como analisa esse cenário diante dos efeitos de Políticas Sociais ineficientes, não preventivas? OA- Por um lado devemos analisar o processo de urbanização descontrolada que houve no Brasil na segunda metade do século XX. A modernização conservadora da agricultura, ou seja, moderniza por um lado e conserva (e até agrava) a estrutura fundiária do país desde 1960 expulsou milhares de famílias do meio rural. Sem fazer uma reforma agrária integral, houve um ‘amontoado’ de famílias nas periferias das grandes cidades. Isso foi relativamente bom no primeiro momento para fornecer mão de obra para a incipiente industrialização. Contudo, o movimento migratório campo-cidade aumentou a população das grandes cidades mesmo vivendo em precárias condições. Houve um momento de auge das Políticas públicas durante a primeira década do século 21 que ajudou a diminuir a pobreza. As duas frentes foram a transferência condicional de renda e a valorização do salário-mínimo ajudando para que o Brasil saísse do Mapa da fome das Nações Unidas em 2014. Mas, os avanços em políticas sociais estão sendo desmontados com retrocessos significativos. Então, se antes as políticas sociais eram ineficientes por problemas estruturais e dimensão territorial, hoje o combate à violência se resume na liberação de armas para a população civil. Resumidamente, somos uma sociedade que luta contra os efeitos e não contra as causas. LP- Planeta afora, que lugares, países, governos, empresas, instituições, pode se observar como exemplo de políticas eficientes, promotoras de igualdade e equilíbrio sociais ? OA- Nesse caso, pelo que conheço pela literatura, o exemplo sobre igualdade e equilíbrio sociais são os países escandinavos (Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia Islândia). O êxito destes países no plano social é que não existem bilionários nesses países, sinal de que realmente o social é importante. Estes países praticam o Welfare State (estado de bem-estar social) um modelo de com forte intervenção do Estado Nacional, com direitos sociais universais dos seus cidadãos. Desconheço políticas sociais eficientes no Brasil e nos países latino-americanos. Pode ser que haja alguns exemplos pontuais, mas que não são significativas. Os exemplos de Uruguai ou da Bolívia podem ser destacados na busca pela equidade social. O que devemos ressaltar é que em todas essas sociedades a desigualdade social ocorre porque as élites econômicas, que buscam apenas lucro, obstaculizam qualquer iniciativa para a equidade. LP- Num país com elevados índices de desigualdade: Moradores de rua X imóveis fechados; Fome X Desperdício; Fartura X Falta; Ostentação X privação; Liberdade X prisão ; Trabalho X emprego… Que futuro, próxima geração, podemos projetar, vislumbrar, desenhar? OA – Com a atual estrutura e funcionamento da sociedade concomitante com a gestão política, vislumbro um futuro muito sombrio. Temos duas situações: una ruim e outra catastrófica; como não estamos fazendo quase nada para evitar a situação ruim, teremos apenas situações calamitosas. Muitos pesquisadores de renome internacional e nacional nos avisam de que, sem ação, o mundo corre o risco de não cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e o Acordo de Paris, ambos de 2015. As crianças de hoje herdarão um planeta gravemente degradado por causa do aquecimento global que vai agravar as mudanças climáticas. Um grande parte da população sofrerá cada vez mais desnutrição e doenças evitáveis por causa de um modelo de agricultura industrial que apenas produz mercadorias e está desconectado das questões socioambientais. Para Ladislau Dowbor e vários pesquisadores de primeira linha mundial está se desenhando uma catástrofe em câmera lenta mediante a convergência dos desastres ambientais, da desigualdade explosiva, da deterioração política e do caos financeiro. Falta enfrentar as deformações políticas de como gerimos as nossas economias. O mundo pode acabar em 2100 por causa do desaparecimento da biodiversidade e o desmatamento. Precisamos aprender a trabalhar com a natureza e não contra ela. Para isso precisamos que os líderes internacionais, as empresas e a sociedade civil organizada passem do discurso para a ação efetiva já que temos pouco tempo para atenuar as consequências do aquecimento global e as mudanças climáticas. O problema é que somos muito preguiçosos e estamos muito confortáveis no sistema que temos. É como uma pessoa obesa ganhando cada vez mais peso, sabendo que deve fazer dieta e exercícios, mas prefere não fazer e sua saúde fica prejudicada Sabemos o que temos que fazer, mas não faz.Desculpe não ser otimista. LP- Que estudos, pesquisas, propostas, projetos na área de desigualdade, a Academia e movimentos sociais podem apresentar à Sociedade, na nobre missão de se colocar teoria em prática? OA- Para apresentar propostas e colocar na prática é preciso teorias para entender a realidade; somente assim podemos propor ações. Devo esclarecer que, tanto a desigualdade social como a emergência climática, são caras da mesma moeda. Por isso a importância da debater o colapso socioambiental. A seguir algumas premissas para atenuar o colapso socioambiental (ou para evitar o pior) a partir do livro “Capitalismo e colapso ambiental” (2018) de Luiz Marques: 1o passo: Reconhecer a gravidade extrema da situação atual (extremo, significa prioridade absoluta). Estamos muito próximos de um ponto de bifurcação rumbo a 2ºC, situação que a humanidade nunca experimentou; apenas não sabemos em que momento isso ocorrerá; 2o Passo: O motor fundamental da aceleração do aquecimento global em direção ao colapso é a crescente desigualdade social. Precisamos redefinir o sistema energético e alimentar diminuindo as expectativas de consumo dos 10% mais ricos. Como diz o ex presidente Obama, no seu discurso de despedida na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2016: “um mundo no qual 1% da humanidade controla uma riqueza equivalente à dos 99% nunca será estável”. O problema ambiental não são os pobres nem a quantidade de pessoas que habitam o planeta Terra: o problema são as poucas pessoas que estão no topo da pirâmide social e suas formas de consumo responsáveis pela maior parte das emissões de Gases Efeito Estufa (GEE). Estamos literalmente destruindo o planeta em proveito de uma minoria. Nosso problema não é de capacidade de produção, e sim de saber o que produzimos, para quem e com que impactos ambientais (Ladislau Dowbor, 2019). 3o Passo: Aprofundamento da democracia, agir para mudar, buscar uma sociedade alternativa. Precisamos que a sociedade defina suas prioridades de investimentos estratégicos de forma democrática: o que vamos a fazer com nossos recursos naturais, como e onde produzir, para quem e com que impactos ambientais. Não há mais como deixar que as grandes corporações decidam sobre o futuro do planeta. O grande desafio é a governança do sistema, desafio que é técnico, mas sobretudo ético e político conforme Ladislau Dowbor. 4o Passo: Compreender que a Economia é um subsistema da Ecologia. Mudar o paradigma predominante de que nós humanos somos ‘superiores’ aos outros seres vivos e que eles estão para nosso serviço. Devemos ter em mente que somos uma espécie que vive em simbiose com milhares de outros seres vivos e nossa sobrevivência na biosfera depende dessa relação de interdependência. Somos uma geração ecocida e suicida. Certamente, dos avanços imediatos em todas essas frentes dependem nossas chances de sobrevivência como sociedade organizada no segundo quarto do século XXI. Uma ampla tomada de consciência pela sociedade de sua situação-limite é o primeiro e decisivo passo para a inadiável redefinição da agenda política brasileira. LP- Como observa o movimento no Brasil e no mundo, de mídias independentes, sem pautas pré produzidas, sem patrão para financiar trabalhos em conceito de pautas livres, via, por exemplo, plataformas crowdfunding, onde o público/leitor é quem é chamado a apoiar grandes pautas mundiais como: fome, pobreza, saneamento, doenças, insegurança alimentar, desperdício; violência … OA-Estes canais de comunicação, que são alternativos, são uma grande força para enfrentar as megacorporações de comunicação. Com isso a população tem outras alternativas de obter informações. Temos um grave problema apenas: como se produzem e circulam informações irrelevantes. Para Marques (2018), o ex presidente dos EUA Trump e Bolsonaro no Brasil utilizam de um novo tipo de interação entre tecnologia e política. Tuítes, fake & hate news disseminados pelas redes sociais servem como armas de desinformação e de embrutecimento emocional e intelectual em massa o que dificulta enormemente o engajamento da sociedade no tema climático e social. Para Yuval Harari, a democracia baseia-se no princípio de Abraham Lincoln de que “é possível enganar todas as pessoas por algum tempo, e algumas pessoas o tempo todo, mas não é possível enganar todas as pessoas o tempo todo”. Se um governo é corrupto e não melhora a vida das pessoas, em algum momento os cidadãos se darão conta disso e substituirão o governo. Mas se o controle da mídia é gerenciada por uma élite conivente com o governo, isso impede que os cidadãos conheçam a verdade. Mediante seu monopólio da mídia, a oligarquia governante pode sempre culpar os outros por suas falhas e desviar a atenção para ameaças externas — reais ou imaginárias. Quando se vive sob tal oligarquia, sempre haverá alguma crise que parece mais importante que o sistema de saúde ou a poluição. Ao fabricar uma torrente interminável de crises, uma oligarquia corrupta pode prolongar seu domínio indefinidamente (qualquer semelhança com o atual cenário do Brasil é pura coincidência). LP- Dados importantes do último ENANI- Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, realizado com 14.558 crianças de até cinco anos, em todo o país, revelam que 14,2% das crianças têm deficiência de vitamina B12. Na região Norte, a deficiência chega a 40%, para crianças até 2 anos. O que revela também que as crianças mais pobres são as mais afetadas. Em um país que está entre os maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, como entender, presenciar, aceitar esta situação? OA- Vários estudos internacionais e nacionais destacam que o problema atual da fome e insegurança alimentar. O mundo produz comida suficiente, mas fome ainda é uma realidade. Concentração da renda e da produção, falta de vontade política e até mesmo desinformação e consolidação de uma cultura alimentar pouco nutritiva são fatores que compõem o cenário da fome e da desnutrição. Para diversos especialistas, a fome atual não se deve à falta de alimentos: ela decorre da falta de acesso a capital tanto para comprar ou produzir alimentos. O principal motivo é a pobreza. A comida não chega a quem precisa porque, na maioria dos casos, as pessoas não têm dinheiro para comprá-la. Seja nos países mais pobres ou nos mais ricos, pessoas têm dificuldades em conseguir alimentos por serem economicamente excluídas, e não porque não tem comida suficiente. Uma criança que vive numa favela de Salvador, por exemplo, está mais suscetível a passar fome e conviver com a insegurança alimentar do que uma outra criança que mora em um condomínio de luxo, a três quarteirões de distância. Se a comida chega para uma, também chega para outra: a diferença é que uma pode comprá-la, mas a outra não. Já não existe fome natural no mundo, hoje temos apenas fome de origem política. Se as pessoas ainda morrem de fome em qualquer parte do mundo é apenas porque alguns governos assim o desejam. Isso pode observar-se atualmente no Brasil onde a insegurança alimentar (situação de quem não tem garantia de acesso a quantidades suficientes de comida) afeta milhões de pessoas. No caso do Brasil é uma grande contradição já que o setor do agronegócio festeja cada ano recordes de produção de grãos e vive concomitantemente com a pobreza e a insegurança alimentar. Em uma publicação de Walter Belik (https://www.ibirapitanga.org.br/wp-content/uploads/2020/10/UmRetratoSistemaAlimentarBrasileiro_%C6%92_14.10.2020.pdf ), se discute temas o sistema agroalimentar: plantio, colheita, transporte, venda e consumo. Muito difícil de definir e mais difícil ainda de explicar o processo, mas esse sistema quem define o que chega — ou não — ao prato dos brasileiros. O sistema alimentar brasileiro é marcado pela exacerbada desigualdade social onde a comida é um dos principais indicadores do abismo que existe entre ricos e pobres. O setor do Agronégocio não produz alimentos, produz mercadorias (commodities) e seus preços são afetados pela flutuação dos mercados internacionais. E nessa situação, o produtor não busca vender no mercado interno porque temos uma parcela significativa da população com baixo poder adquisitivo. Isso afeta todo a segurança alimentar de milhares de famílias, em especial das criançcas. Por isso a importância de políticas públicas como PNAE (Programa Nacional de Alimentação escolar) que, por um lado ajuda a dinamizar a economia local e fornece alimentos de qualidade conforme a cultura alimentar da região. É um processo onde ganha o agricultor local e as crianças que assistem às escolas. Hoje o PNAE está sendo desarticulada dentro da lógica de destruição de direitos básicos que, junto ao contexto da pandemia, exacerba a insegurança alimentar das famílias mais pobres. LP- Perfil, resumo e indicação de trabalhos nessa área. OA- Oscar Agustín Torres Figueredo (atender que é ‘Agustín’ e ‘Figueredo’). Engenheiro Florestal formado pela Universidad Nacional de Asunción (FCA-UNA), Paraguai,1997. Possui Mestrado em Engenharia Florestal e Doutorado em Desenvolvimento Rural. Professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) campus Frederico Westphalen (RS). Docente de Sociologia rural (cursos de Agronomia e Engenharia florestal); Extensão e desenvolvimento rural e Sistemas Agroflorestais, e Desafios socioambientais do século 21 (curso de Engenharia Florestal). Professor de Ética, cidadania e educação ambiental (curso de Engenharia Ambiental e Sanitária)..-email: prof.oscar@yahoo.com.br Fontes utilizadas: BREGMAN, R. Humanidade: uma história otimista do homem. São Paulo: Planeta, 2021. Disponível em: https://elivros.love/livro/baixar-livro-humanidade-rutger-bregman-em-epub-pdf-mobi-ou-ler-online acesso 15 de out. 2021. DOWBOR, L. A era do capital improdutivo: por que oito famílias tem mais riqueza do que a metade da população do mundo? São Paulo: Autonomia Literária, 2017. Disponível em https://dowbor.org/wp-content/uploads/2018/11/ Dowbor-_-A-ERA-DO-CAPITAL-IMPRODUTIVO.pdf, acesso 15 de out. 2021. HARARI, Y.N. 21 lições para o século XXI. Tradução Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das letras, 2018. Disponível em: https://dagobah.com.br/wp-content/uploads/2019/02/21-licoes-para-o-seculo-21-Yuval-Noah-Harari.pdf acesso 15 de out. 2021. . Homo deus: uma breve história do amanhã. Tradução Paulo Geiger. São Paulo: Companhia das letras, 2016. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5510946/mod_resource/content/1/Homo%20Deus%20-%20Yuval%20Noah%20Harari.pdf acesso 15 de out. 2021. MARQUES, Luiz. Capitalismo e colapso ambiental. 3a ed. Campinas: editora da UNICAMP, 2018. Uma publicação em inglês está disponível em https://unicamp.academia.edu/LuizMarques acesso 04 de out. 2021. *Liliana Peixinho – Jornalista investigativa independente. Faz Imersões Jornalísticas em campo de desafios humanitários. Especialização em Jornalismo Científico e Tecnológico; Mídia, Meio Ambiente, Responsabilidade Social; MBA em Hotelaria e Turismo Sustentável. Ativista direitos humanos. Fundadora de mídias independentes: Movimento AMA- Amigos do Meio Ambiente, Mídia Orgânica, REAJA, Catadora de Sonhos, Cuidar do Cuidador, RAMA- Rede de Articulação e Mobilização Ambiental, O outro no Eu. #Envolverde

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