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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Nova espécie de camarão é descoberta no país


Dendrocephalus riograndensis vive exclusivamente em áreas úmidas alagadas temporariamente e, apesar de recém-descrito, já está criticamente ameaçado de extinção

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Camarão macho da espécie Dendrocephalus riograndensi. Foto: Instituto Pró-Pampa/Fundação Grupo Boticário

Uma nova espécie de camarão do gênero Dendrocephalus – que engloba pequenos crustáceos que habitam pequenas poças sazonais de água doce – foi descoberta em Santa Vitória do Palmar (RS), a cerca de 500 quilômetros de Porto Alegre. O camarão, batizado de Dendrocephalus riograndensis e popularmente conhecido como camarão-fada (ou artêmia de água doce), foi encontrado durante uma expedição do projeto Peixes Anuais dos Campos Sulinos, apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e realizado pelo Instituto Pró Pampa.

O artigo que descreve oficialmente a espécie foi publicado no jornal Nauplius em setembro deste ano. Segundo Matheus Volcan, vice-coordenador do Instituto Pró-Pampa e um dos autores do artigo, a descoberta ocorreu em novembro de 2015 durante a coleta de peixes anuais (que habitam brejos e poças de água doce que obrigatoriamente secam durante um período do ano). “Como a ocorrência do camarão-fada restringe-se a este ecossistema e apenas à região da coleta, ele já apresenta características para ser classificado como criticamente ameaçado”, comenta.

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Região em que a espécie foi descoberta. Foto: Instituto Pró-Pampa/Fundação Grupo Boticário

Acredita-se que a eclosão dos ovos da nova espécie descrita, que ficam em dormência durante o período de seca das poças, ocorra no início do período de alagamento, que começa no outono e permanece com água somente até o fim da primavera. “O camarão-fada é fundamental para a manutenção da cadeia alimentar destas áreas temporariamente alagadas, pois são predados por diversas espécies, entre elas os peixes anuais”, explica Volcan.

Os indivíduos da espécie vivem de dois a três meses e na fase adulta chegam a um tamanho médio de dois centímetros. Também apresentam dimorfismo, quando macho e fêmea têm características físicas distintas. Os machos têm apêndices na cabeça e a fêmeas, uma bolsa para geração de ovos.  Diferentemente dos camarões comuns, os camarões-fada nadam de barriga para cima.

Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, a descoberta de novas espécies, mesmo de modo acidental, demonstra a necessidade de conhecermos melhor a biodiversidade do país. “Muitas espécies correm o risco de desaparecer sem jamais terem sido descritas ou sem que tenhamos o entendimento de seu papel e importância dentro do ambiente em que vivem”, comenta.

Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.493 projetos de 493 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.org.brwww.twitter.com/fund_boticario e www.facebook.com/fundacaogrupoboticario.

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