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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Invernos rigorosos no Hemisfério Norte estão diretamente ligados a mudanças climáticas

O aquecimento por trás do frio – O que as nevascas que assolam o Hemisfério Norte têm a ver com o aquecimento global? Tudo, de acordo com estudo publicado na “Journal of Geophysical Research”, da União Geofísica Americana.

De acordo com pesquisadores do Instituto Potsdam, da Alemanha, invernos rigorosos (e eventos extremos relacionados a eles) podem ter a frequência triplicada na Europa e no norte da Ásia. O estudo foi focado nesta região, mas seus resultados podem ser extrapolados para os EUA, que também enfrentam uma forte onda de frio.

A conclusão do estudo parece estranha, dada a projeção de que a temperatura global pode subir quase 6 graus Celsius até o fim do século. Reportagem em O Globo.

Mas, ao percorrer regiões livres de gelo do Oceano Ártico, cientistas descobriram que o calor causado pelo aquecimento global, responsável pelo degelo de calotas polares, paradoxalmente, aumenta a ocorrência de invernos severos na Europa e nos EUA.

O aumento da temperatura global reduziu a cobertura de gelo do Ártico em 20% nos últimos 30 anos. Existe o risco de que ela desapareça totalmente ainda este século, nos períodos de verão. Sem a cobertura de gelo, o calor deixa de ser refletido para a atmosfera, e a água, mais escura, passa a absorver o calor, ficando mais quente que o normal.

A água relativamente quente escapa para a atmosfera, cuja temperatura chega a 30 graus Celsius negativos.

- O oceano está muito mais quente que o ar ambiente nesta zona polar no inverno – explica Stefan Rahmstorf, pesquisador do Instituto Potsdam.

- Um fluxo quente, então, sobe para a atmosfera, o que não acontece quando tudo está coberto de gelo. É uma mudança extraordinária.

Forma-se, assim, um sistema de alta pressão. Os ventos gelados dali são empurrados da região polar para a Europa – que antes era contemplada apenas por leves correntes de ar oriundas do oeste.

- Isso não é algo que se esperava – admite Vladimir Petoukhov, outro pesquisador envolvido no estudo. – Quem pensava que o encolhimento da capa de gelo a uma longa distância não nos incomodaria está errado. Há conexões complexas no sistema climático.

Os pesquisadores usaram modelos de computador para mensurar o impacto do desaparecimento do gelo do Ártico, particularmente na região escandinava e na Rússia, que experimentaram perdas recordes de gelo durante o verão.

De acordo com o físico Vladimir Petujov, coordenador do estudo, o fim das calotas polares provocaria estragos generalizados e imprevisíveis no clima do Hemisfério Norte.

- Estas anomalias podem triplicar a probabilidade de haver invernos extremos na Europa e no norte da Ásia – alerta.

No artigo em que detalhou seu levantamento, Petoukhov concluiu: “Nossos resultados sugerem que vários episódios recentes de inverno rigoroso não conflitam com uma situação de aquecimento global, e, sim, complementam esta ideia.”

O artigo também menciona outras explicações que costumam ser dadas aos invernos atípicos, como a baixa da atividade solar e as mudanças na Corrente do Golfo. O papel atribuído a estes fatores, porém, é considerado “exagerado” pelos pesquisadores.

O gelo ártico está em processo de encolhimento nas últimas décadas, registrando perdas recordes em setembro de 2007. Sua recuperação natural durante o inverno também foi afetada, o que provocou perdas significativas das calotas polares durante a década passada.
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FONTE : EcoDebate, 29/12/2010.

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