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terça-feira, 10 de novembro de 2020
No Spotify ou no carro de som, Rede Wayuri faz informação chegar nas aldeias do Rio Negro
James,
Em novembro de 2017, no município mais indígena do Brasil, São Gabriel da Cachoeira (AM), um grupo de 17 jovens de oito etnias se reuniu para formar a Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro, a Rede Wayuri. Para marcar a estreia, o maior artista da região, Feliciano Lana, do povo Desana desenhou seu símbolo: a imagem de um comunicador rionegrino animado falando no microfone em frente à montanha Bela Adormecida, cartão postal do Alto Rio Negro. Feliciano morreu este ano, aos 84, vítima da Covid-19.
A interculturalidade é uma característica da Rede Wayuri, que completa três anos esse mês. Desde a sua criação ela cresceu, e hoje conta com 26 comunicadores de 10 povos. Em três anos a Wayuri produziu mais de 50 boletins informativos (podcasts) que circulam pelos celulares, montou rádios poste, promoveu mobilizações sociais e oficinas de arte, enviou centenas de informes pela radiofonia e redes sociais. Do Spotify ao carro de som, os repórteres Wayuri dão um jeito de transmitir suas notícias. E agora pretendem chegar ao YouTube.
Rede Wayuri na II Oficina de Formação de Comunicadores em 2018 realizada pelo Programa Rio Negro, do ISA. Créditos: Rede Wayuri
O nome Wayuri também é sinônimo de comunicação para os povos do Rio Negro. Ray Benjamim, da etnia Baniwa, comunicador da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), conta que Wayuri é o boletim impresso produzido há mais de 20 anos pela Federação que representa os 23 povos indígenas da região e 750 aldeias. “Os primeiros boletins Wayuri foram impressos para divulgar os diários oficiais com a homologação das terras indígenas”, lembra Ray.
A novidade da Rede Wayuri agora é promover a cobertura das eleições municipais com a produção de podcasts especiais sobre a corrida aos cargos de vereador e prefeito. No dia 11 de novembro, a rede lançará uma série de entrevistas com os candidatos, mediadas pelas comunicadoras Cláudia Wanano e Daniela Patrícia, do povo Tukano. As entrevistas serão divulgadas pelo podcast Wayuri, pelo Facebook da Rede, pelo WhatsAPP e rádios locais.
O Instituto Socioambiental (ISA) é parceiro da Rede Wayuri e sua criação contou com apoio da União Europeia (UE). Saiba mais aqui sobre esse coletivo que está mudando a vida dos indígenas no Rio Negro (AM).
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