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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ativistas realizam marcha contra corte de árvores em Porto Alegre


Defesa Pública das Árvores! Foto: Cíntia Barenho/CEA
A chuva insistia em cair na noite desta segunda-feira (20), fazendo escorrer a tinta que transmitia mensagens de protesto em frente à prefeitura de Porto Alegre e corroendo os cartazes feitos de cartolina e papel pardo. Fina e constante, a chuva parecia imitar a determinação de dezenas de jovens que estão acampados desde o dia 17 de abril na área verde ao lado da Câmara Municipal, dispostos a permanecer em vigília contra o corte de árvores para realização de obras viárias em função da Copa do Mundo de 2014.
Nesta segunda-feira, cerca de 150 pessoas foram às ruas na cidade para protestar contra a poda das árvores. São 115 plantas na mira das motosserras: 43 tipuanas, 16 carobinhas, 15 goiabeiras, 9 ipês-roxos e 7 canafístulas.
A marcha desta segunda – que saiu da prefeitura às 19h e chegou ao acampamento pouco depois das 19h30min – foi uma resposta dos ativistas à decisão judicial que autorizou o corte das árvores. Na quinta-feira (16), a 22ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) entendeu que os vegetais podem ser podados.
A decisão do Judiciário derrubou os efeitos de uma liminar concedida em primeira instância que suspendia o corte de árvores iniciado em fevereiro, quando 14 tipuanas foram ceifadas da praça Júlio Mesquita para que a obra de ampliação da avenida João Goulart pudesse ser iniciada.
Os desembargadores sustentam que “apesar da sua importância”, a preocupação com o meio-ambiente não pode frear o desenvolvimento econômico de Porto Alegre. Eles também alegam que a área era um antigo aterro e que as árvores foram plantadas no local, portanto – não sendo originárias – podem ser removidas.
O Ministério Público já prepara um recurso para protocolar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas a decisão do TJ-RS dá aval para que a prefeitura efetue a qualquer momento os cortes. Especula-se que a ação possa ocorrer ainda nesta semana.
Nenhuma árvore a menos! Defesa pública das árvores com chuva! Foto: Cíntia Barenho/CEA
Porto Alegre tem tradição na militância ambiental. A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPA) foi uma entidade pioneira no país, fundada em 1971 por José Lutzenberger.
Foi nesta época que se forjou boa parte da militância ambiental da cidade. Denunciados pelos cabelos grisalhos, esses ativistas estavam presentes no ato desta segunda-feira (20), quando se misturaram com jovens militantes da cidade – muitos dos quais eram presença garantida nos atos recentes que movimentaram a vida político-social de Porto Alegre, como os protestos contra o aumento da passagem de ônibus.
“Apoiamos a postura dos jovens, achamos que é digna de todos os elogios. Eles estão defendendo o futuro. Os mais velhos, se puderem ajudar e subir em árvores, também farão isso”, orgulha-se Cesar Cardia, integrante da Agapan e do movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho – via repleta de tipuanas no bairro Independência e considerada popularmente pelos moradores como “a rua mais bonita do mundo”.
“Meu professor foi José Lutzenberger. Estou repassando o que aprendi com ele a esses jovens, é gratificante. Já temos uma idade avançada… Mas eles estão aí e vão segurar a barra”, diz Eduíno de Mattos, integrante da Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (APEDEMA).
Ele acredita, ainda, que as obras viárias em execução na cidade possuem um outro objetivo: preparar Porto Alegre para receber a Fórmula Indy do Mercosul. “Esse projeto está sendo escamoteado da opinião pública. Está sendo feita uma parceria entre a Secretaria Municipal da Copa do Mundo e a rede hoteleira da cidade. Como querem realizar uma Fórmula Indy, onde a velocidade permitida é 330 km/h, dentro de uma capital colonial? É uma incoerência, não é esse o turismo que queremos”, denuncia.
No início do protesto desta segunda-feira, os ativistas leram um manifesto no qual garantiram que subirão nas árvores quando a prefeitura for iniciar o corte. “Quando chegarem os funcionários municipais com suas motosserras, nos acorrentaremos nas copas”, avisaram.
Ao longo da marcha desta segunda-feira, os gritos mais ouvidos eram “nenhuma árvore a menos” e “recua motosserra, recua! é o poder popular que está na rua!”. Ao chegar no acampamento, o grupo prometeu realizar um novo ato nesta quinta-feira (23).
Fonte: Sul21
Nenhuma árvore a menos! Defesa Pública das Árvores!

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