ecologia 300x170 Revista do Meio Ambiente   Ecologia interior
Foto: Jom Fullum (iStockphoto)
Já está circulando a edição 57 da Revista do Meio Ambiente. A publicação está agora com uma nova orientação editorial, voltada para a educação ambiental e responsabilidade social, cujos valores comunicados tratam das questões mais importantes e preementes em relação ao meio ambiente nos tempos atuais. Leia abaixo o editorial da edição.
Editorial
As escolhas que fazemos é que definem a pessoa que iremos nos tornar. E escolhemos a partir das informações e dos valores que recebemos. Se forem mentirosos ou manipulados, poderão influenciar em nossas escolhas. A paz, a amizade, a harmonia com a natureza, assim como a violência, a inimizade, a desarmonia com a natureza, podem resultar de nossas escolhas e não, necessariamente, de nossa natureza humana ou das circunstâncias em que vivemos!
A sustentabilidade passa pela revisão de nossas ideias sobre felicidade. O mercado estimula uma felicidade baseada na posse ou exibição de bens materiais, mas é uma felicidade ilusória e mesmo falsa, além de exercer enorme pressão sobre os recursos naturais e gerar montanhas de lixo e materiais desperdiçados, injustiças e exclusão social. A verdadeira felicidade é interior e não depende de condições externas, trata-se de um sentimento possível, mas que precisa ser construído e reconstruído, independente das circunstâncias à nossa volta.
Não é o Planeta ou a natureza que estão em risco e precisam ser salvos, mas é a própria espécie humana. Devido às escolhas que fizemos, ao longoda história humana, avançamos nos limites de sustentabilidade e já consumimos mais de trinta por cento da capacidade da natureza de se regenerar. Perdemos a noção de que somos parte do Planeta. A sustentabilidade irá requerer de nós um novo pacto civilizatório, um novo olhar sobre a natureza e uma nova relação com o sagrado. Se o Criador nos deu a responsabilidade de dominar sob a sua Criação, não nos autorizou a destruí-la.
Entre as palavras e as ações para a sustentabilidade existe ainda um enorme vazio a ser preenchido com cidadania e capacitação, envolvendo desde a escola, o lar, a comunidade, as empresas, as relações de consumo. A boa notícia é que a mudança para a sustentabilidade já começou e pode ser percebida por muitos lados. Entre os desafios estão traduzir o ecologês para chegar ao grande público e aumentar a velocidade da mudança, desafios possíveis de serem enfrentados com educação para a cidadania socioambiental, democratização da informação ambiental e capacitação para a gestão sustentável. A sociedade cada vez mais irá recusar um tipo de progresso que não respeite as pessoas ou o meio ambiente e quanto mais cedo o setor produtivo e a sociedade se der conta disso, menores serão os riscos e os danos.
Compartilhamos a natureza com outras espécies. Na convivência com elas podemos nos embrutecer ou nos humanizar, dependendo das escolhas que fizermos. O selvagem não é o animal que está dentro da jaula. Uma relação mais ética e cuidadosa para com os animais pode resgatar em nós nossa humanidade.
Todos nós desejamos viver num mundo melhor, mais pacífico, fraterno e ecológico. O problema é que as pessoas sempre esperam que esse mundo melhor comece no outro. É comum ouvirmos pessoas falando que têm boa vontade para ajudar, mas como ninguém as convida para nada, nem se organizam, então não podem contribuir como gostariam para um mutirão de limpeza da rua, por exemplo, ou para plantio de árvores. Pessoas assim acabam achando mais fácil reclamar que ninguém faz nada, ou que a culpa é do “sistema”, dos governantes ou empresas, mas não se perguntam se estão fazendo a parte que lhes cabe. Por outro lado, é importante não ficar esperando a perfeição individual – pois isso é inatingível.
O fato de adquirirmos consciência ambiental, não nos faz perfeitos. O importante é que tenhamos o compromisso de ser melhor todo dia, procurando sempre nos superarmos. Também não podemos cometer o erro de subordinar a luta em defesa da natureza às mudanças nas estruturas injustas de nossa sociedade, pois devem ser lutas interligadas e simultâneas, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo, ou toda a justiça social que sonhamos, se o planeta tornar-se incapaz de sustentar a vida humana com qualidade.
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