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terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O que se sabe sobre a covid longa

Por DW Brasil – Dois anos após o início da pandemia, cientistas ainda pesquisam as causas da covid longa, ou seja, sintomas que persistem depois de o paciente ter se recuperado da doença. Aqui, alguns conhecimentos adquiridos. Não faz muito tempo, pacientes com sintomas persistentes de covid-19 diziam ter a impressão que seus médicos não as levavam a sério. Agora, mais de dois anos após o início da pandemia, as coisas estão mudando. Hoje, sabe-se mais sobre a condição denominada “covid longa”. Milhões a têm em todo o mundo, tem-se uma ideia melhor sobre o que a causa, mas a pesquisa ainda está em andamento. E demorará alguns anos até se conhecerem seus efeitos a longo prazo. O que é covid longa? Na covid longa, os sintomas debilitantes de uma infecção pelo Sars-CoV-2 não param após o vírus ter deixado o organismo. Dificuldades respiratórias, fadiga extrema e dores no peito podem persistir por meses, representando um desafio no cotidiano e para a volta à normalidade. Alguns estudos sugerem que entre 14% e 30% dos pacientes que tiveram covid-19 manifestam pelo menos um sintoma de covid longa no período de 90 dias após a recuperação da infecção. Isso significa que, dos 412 milhões de casos de covid-19 em todo o mundo registrados pela Universidade Johns Hopkins até esta segunda-feira (14/02), entre 57 e 123 milhões já sofreram ou estão sofrendo de covid longa. Pouco se sabe sobre os efeitos de longo prazo da covid longa sobre os indivíduos e a sociedade como um todo. Levará anos até que haja dados confiáveis sobre isso. Os pesquisadores identificaram uma série de fatores de risco, mas ainda estão tentando descobrir o que exatamente causa a covid longa. Ela não se manifesta da mesma forma em todos, e ainda é um mistério por que alguns a desenvolvem e outros não. Covid longa é menos grave com a ômicron? A ômicron é atualmente a variante dominante do vírus Sars-Cov-2, há indicações de que ela causa infecções mais brandas na maioria dos casos. É também uma das formas mais infecciosas da covid-19, e há preocupações de que o número absoluto de casos de ômicron possa levar a um aumento nos números de covid longa. As chances de desenvolver uma covid longa são maiores após uma infecção grave, mas ela pode se desenvolver independentemente de se ter tido uma infecção grave ou leve. Quais suas causas? A covid longa é definida como uma síndrome heterogênea − pode ser causada por diferentes fatores ou por uma mistura de fatores, e por isso há mais de um tipo dela. “Há pelo menos dois tipos: um ocorre em pacientes covid-19 tão graves que foram tratados numa unidade de terapia intensiva, sob risco de vida. E outro pode ocorrer em indivíduos que tinham sintomas leves a moderados”, explica Joachim Schultze, do instituto alemão de pesquisa do cérebro, DZNE. Sua forma mais severa é causada por danos a múltiplos órgãos. Como obter um melhor diagnóstico Os médicos precisam entender o mecanismo da covid longa para poder diagnosticar e tratar adequadamente os pacientes. E já há progressos. Oftalmologistas na Alemanha, por exemplo, têm investigado os vasos capilares dos olhos de pacientes com covid longa e observado como a doença parece afetar sua forma, comprometendo a capacidade do sangue de fluir através do corpo. A relação da covid longa com o sangue Um estudo publicado em janeiro encontrou quatro fatores de risco principais: alto nível de RNA de Sars-CoV-2 em amostras de sangue presença de autoanticorpos, que atacam os próprios tecidos orgânicos diabetes tipo 2 reativação de uma infecção anterior pelo vírus Epstein-Barr Os pesquisadores também encontraram anticorpos específicos no sangue de pacientes com covid longa. Essas descobertas mostram como certos fatores podem aumentar o risco de desenvolver sequelas de longo prazo, mas não são suficientes para prever quais pacientes correm risco. Os pesquisadores tampouco entendem por que alguns pacientes não a contraem. Impacto de longo prazo individual e social Também não há como prever por quanto tempo a covid-19 ainda afetará os indivíduos e as comunidades nos próximos anos. Faltam simplesmente os dados sobre o impacto da covid longa sobre a economia global, a sociedade e os serviços de saúde. Mas os pesquisadores estão acompanhando estes desdobramentos. Alguns estudos em larga escala visam rastrear a saúde dos pacientes muito depois de suas infecções e recuperação da covid-19. Outros estudos calculam o impacto da covid longa sobre os sistemas de saúde, sociedades e economias. Porém pesquisadores como Joachim Schultze frisam a necessidade de mais estudos para fornecer melhores definições clínicas e critérios diagnósticos sobre as várias formas de covid prolongada. Eles acreditam que precisarão de muito mais dados para poder compreender seu impacto total. Vacinas protegem contra a covid longa? Alguns dados mostram que as vacinas podem diminuir o risco de se desenvolver covid longa após uma infecção por Sars-CoV-2. Dois estudos − um em Israel e outro no Reino Unido − indicaram que os inoculados com duas doses seriam são menos propensos a sintomas de covid prolongada do que os não vacinados. Esse cientistas também concluíram que as vacinas não causam covid prolongada, a qual só ocorre após uma infecção viral. De acordo com os estudiosos, as vacinas ajudam a reduzir os riscos associados à covid longa de duas maneiras: primeiro, as vacinas ajudam a evitar infecções por covid-19; em segundo lugar, reduzem a gravidade dos sintomas quando ainda não se está infectado. As vacinas, entretanto, não removem totalmente o risco de covid longa. A conclusão, segundo Schultze, seria que é importante os cientistas sejam autorizados a desenvolver novas ferramentas de diagnóstico e opções terapêuticas para a covid longa, enquanto também continuam a identificar seu impacto mais amplo na sociedade. #Envolverde

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