Reduzir a geração de resíduos e consumir menos; separar melhor o lixo; utilizar mais refis e praticar a moda sustentável; conscientizar as pessoas ao meu redor sobre a importância da sustentabilidade; cobrar dos gestores e legisladores para que atuem em favor da vida e do meio ambiente. Essas foram algumas das medidas escritas pelos participantes da “Roda de Inquietos e futuros desejáveis”, no dia 6 de abril, na Virada Sustentável. A atividade foi conduzida por mim, Sílvia, articuladora do spin POA Inquieta Sustentável, e teve a expressiva participação de quase 60 pessoas no recém inaugurado Centro Cultural da Ufrgs.
A programação começou às 9h30 e foi até depois do meio dia. Momentos animados e reflexivos permearam a manhã, possibilitaram a disseminação de conhecimentos e aumento de percepções. O propósito do encontro, escrito em um cartaz, indicava: promover a reflexão de como podemos impactar a cidade que queremos com relação às mudanças climáticas.
Depois de se apresentarem em grupos, os participantes de distintas faixas etárias, responderam e trocaram ideias a respeito de duas perguntas: o que reconheço como boas práticas que pode fortalecer a mudança que quero ver na cidade e o que eu já faço ou posso fazer pela minha cidade. Foi mais que interessante, foi revelador, constatar o quanto precisamos promover espaços de diálogo entre gerações sobre assuntos tão determinantes para o convívio e a compreensão dos rumos dos espaços urbanos.
Logo após os grupos se desfazerem, o oceanógrafo João Pedro Demore explicou alguns motivos de estarmos atravessando a “era do Antropoceno”. O agravamento do aquecimento global é fato e é uma das maiores preocupações de quem estuda e trabalha com temas do futuro da humanidade. “A partir da revolução industrial a ação humana se intensificou exponencialmente alterando o sistema climático — oceano e atmosfera — e atingindo toda a biosfera, uma fina camada que envolve o planeta. Precisamos mudar atitudes para nossa própria qualidade de vida e até sobrevivência de inúmeras espécies, incluindo a nossa,” reiterou João Pedro, que atua na área de meio ambiente e energias renováveis.
O veterinário Luiz Felippe Kunz Júnior emendou a conversa afirmando que Porto Alegre já sente as consequências desse fenômeno. “Porto Alegre, nos anos 80 e 90 ninguém tinha preocupações com doenças tropicais — era mais para o Norte do país”. Como técnico da Secretaria Municipal da Saúde, ele acrescenta que o Aedes aegypt é um inseto africano que chegou na cidade em 2001. “Mas a primeira transmissão local de dengue aqui foi só em 2010. Em 2002 também tivemos os primeiros casos de Leishmaniose tegumentar, em 2013 tivemos um surto de dengue com 150 casos de transmissão local e em 2016 tivemos transmissão local de zika e um surto de dengue com mais de 300 casos”, informou. Este ano a equipe da Vigilância em Saúde segue combatendo outro surto de dengue. “Quando a temperatura aumenta, o mosquito funciona melhor”, esclareceu.
Depois da explanação dos painelistas, salientei que há muitas pesquisas e pessoas abordando soluções para enfrentar a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas. Mas o que talvez o mais importante seja mudarmos o nosso próprio mindset.
“Dentro do POA Inquieta temos contato com muitas pessoas diferentes e percebemos o quanto é necessário dialogarmos sem ficar estimulando as polaridades, tipo Grenal”.
Com várias informações na cabeça, os participantes foram convidados a relaxar, a viver o momento presente. Ao som de um pinakari, pedi para que todos fechassem os olhos, respirassem fundo, colocassem os pés no chão. E com voz suave fui narrando para que imaginassem que futuro gostariam de ter na sua cidade (muitos eram de Sapucaia do Sul) daqui a 10 anos. Sugeri que estaríamos felizes, realizados, saudáveis, em ambientes aprazíveis com relações de respeito… E perguntei: como é esse cenário que você quer viver?
Muitas ideias de futuro desejável surgiram: que todas as pessoas tivessem uma casa digna, um local para morar; que as pessoas consigam sair para a rua sem medo de voltar pra casa, principalmente mulheres, pessoas negras, LGBT; uma cidade mais verde, com menos carros, com as pessoas vivendo menos no automático, com mais calma; sem gente passando fome, tendo acesso à educação de qualidade, com mais momentos como esse…
Por fim, pedi que cada um escrevesse em um post it que ações estariam em suas mãos para poder concretizar o sonho que tinham tido. E aí vieram muitas respostas, algumas das que escrevi acima, que denotaram o quanto foi produtiva a realização da atividade.
Com colaboração de Marianne Gaspary.
Sílvia Franz Marcuzzo
jornalista, facilitadora de grupos, fluxonomista, divulgadora de inovações no mundo em transição. Busca viver vários lados da sustentabilidade
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