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domingo, 25 de janeiro de 2015

Filhotes de elefantes do Zimbábue serão exportados para entretenimento na China

25 de janeiro de 2015 

(da Redação da ANDA)
Foto: Gareth Baynon/Flickr
Foto: Gareth Baynon/Flickr
O importante papel que a população de elefantes africanos desempenha em seu ambiente natural é um fato muitas vezes esquecido por indivíduos e organizações que esperam lucrar com esses animais. A cada 15 minutos, um elefante africano é morto por caçadores para atender às demandas do comércio de marfim, e apesar da compreensão existente nos dias de hoje quanto aos danos causados pelo cativeiro, continuamos a capturar os elefantes do seu meio natural para abastecer zoológicos e circos de todo o mundo.
A triste realidade deste tratamento aos elefantes é evidente na recente notícia de que um grupo de “36 a 64″ filhotes de elefantes foram capturados no meio selvagem em Zimbábue e serão “exportados” para a China, onde serão vendidos para uma vida de cativeiro e exposição pública. Os elefantes foram caçados pela Zimbabwe Parks e pelas autoridades de gerenciamento de vida selvagem do Zimbábue, o que denota que o governo não tem consideração pelo bem-estar destes animais. O presidente Mugabe foi até mesmo citado explicando que os animais selvagens do país “precisam começar a pagar dividendos”. As informações são do One Green Planet.
Katie Moore, diretora do Programa de Resgate de Animais da International Fund for Animal Welfare’s (IFAW) explicou ao One Green Planet que a captura destes elefantes é perfeitamente legal, graças a licenças da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens (CITES), e que o fato de se colocar os interesses econômicos à frente do bem-estar animal, inevitavelmente, tem um impacto negativo sobre as populações nativas de elefantes.
O impacto emocional das capturas em grande escala
Os elefantes vivem vidas sociais e emocionais complexas. Em muitos aspectos, suas comunidades imitam as de seres humanos, e a incrível inteligência destes animais leva a crer que eles são completamente capazes de ter auto-consciência. Com isso em mente, é possível considerar o extremo trauma emocional em uma comunidade que tem um grupo de “36 a 64″ bebês elefantes retirados de um rebanho com laços tão estreitos.
Moore diz que o impacto da captura de elefantes jovens do Zimbábue “será enorme em termos de desenvolvimento social e saúde em geral”. Ela continua: “Essa perda será devastadora para os elefantes capturados e também àqueles deixados para trás, uma vez que os elefantes têm vínculos familiares profundos”.
Quando uma mãe elefante perde seu filho, ela entra em um período de luto que pode ser comparado com a perda que uma mãe humana sentiria. Os elefantes também podem sofrer de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, que faz com que eles ajam em acessos de raiva e às vezes ataquem a humanos.
Para os bebês capturados, o impacto emocional é tão devastador quanto. Emocionalmente traumatizados e privados do cuidado apropriado que eles precisam para crescer e se tornar adultos funcionais, os bebês que sobrevivem só podem esperar ainda mais miséria ao adentrar em uma vida de cativeiro.
“Capturas em grande escala de animais selvagens, como essa, não são éticas”, diz Moore.
Desconsideração pelo bem-estar dos elefantes
De acordo com Moore, a exportação desses elefantes foi permitida pela CITES. Diversos defensores de direitos animais entraram em contato com a organização para combater a sua decisão de permitir a exportação desses elefantes. Em resposta, a CITES divulgou um comunicado em respeito à sua decisão, afirmando que a população de elefantes do Zimbábue “não é necessariamente ameaçada de extinção”, mas alegando que “poderia se tornar, se o comércio não fosse rigorosamente regulamentado”.
O que fica claro é que a regulamentação no que diz respeito ao “comércio” destes elefantes só se aplica a números, mas não ao bem-estar dos animais, que foi o cerne dos questionamentos dos defensores e que a CITES contornou absolutamente.
Segundo Moore, “o registro recente de elefantes do Zimbábue tem sido pobre, e por isso não acreditamos que o interesse dos elefantes esteja sendo levado em conta”.
Após a captura, os elefantes, que têm apenas entre dois e cinco anos de idade, serão colocados em caminhões de contêineres e transportados para Moçambique. De lá, eles serão transferidos para um frete marítimo onde começará a sua longa viagem para a China. O cuidado que estes elefantes receberão no caminho é desconhecido.
Moore também lembra que jovens elefantes são considerados dependentes por muitos anos. “Além disso, esses filhotes têm poucas chances de sobrevivência e podem morrer em consequência do sequestro de suas famílias. No ano passado, três bebês elefantes do Zimbábue foram capturados e enviados para a China. Eles sobreviveram à viagem, mas um morreu pouco depois, e há relatos de que os outros dois têm uma saúde pobre”.
Uma vez que os elefantes cheguem ao seu destino, eles serão forçados a uma vida de cativeiro. Elefantes cativos têm altas taxas de mortalidade, e cerca de dois terços da população de elefantes em cativeiro sofre de “zoochosis” – uma doença mental em que os animais fazem movimentos repetitivos como andar de um lado para o outro, chocam os corpos contra a parede ou demonstram outros comportamentos anormais. Arrancar esses bebês da vida selvagem significa submetê-los a vastos traumas emocionais em uma idade tenra, e condená-los a uma vida enlouquecedora, repleta de estresse, dor e tédio. Quer a população selvagem possa ou não dar-se ao luxo de perder uma quantidade tão grande de bebês, nós humanos realmente queremos apoiar esse tipo de crueldade?
Esperanças de salvação
Ainda há esperanças de que o acordo de exportação entre o Zimbábue e a China seja revogado. A IFAW está pedindo aos Ministros do Meio Ambiente e do Turismo do Zimbábue o cancelamento deste negócio em nome do futuro e do bem-estar de sua icônica população de elefantes. Os elefantes têm baixas taxas de natalidade, de modo que a remoção de até 64 bebês de um rebanho, sem dúvida, terá um impacto negativo sobre a resiliência dessa população.
Moore diz que, se o acordo de comércio for quebrado, idealmente os elefantes serão lançados de volta à vida selvagem após a reabilitação. Isso exigirá grande colaboração de organizações, que terão que tomar nos bebês traumatizados e ajudá-los a se readaptar à vida na natureza; no entanto, o resultado final de retornar estes elefantes para seus rebanhos valeria o esforço.
Você pode se juntar à IFAW na oposição ao transporte desses elefantes, assinando a petição. Nenhuma criatura deveria passar por tamanho sofrimento, para o bem do lucro e entretenimento.
Nota da Redação: O número de elefantes retirados da natureza e que serão exportados não foi divulgado de maneira precisa, por isso estão sendo informados “36-64″.

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