sandycommons 300x216 Esperar por eventos extremos para promover leis climáticas é um erro, explicam cientistas
Estragos causados pela passagem do furacão Sandy por Nova York. Foto: Wikimedia Commons
É natural que, diante um acontecimento climático extraordinário, como o furacão Sandy, que em 2012 varreu o Caribe e a costa leste dos Estados Unidos provocando bilhões de prejuízos e centenas de mortes, a sociedade pressione as autoridades por políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Porém, ficar esperando por esses eventos extremos se repetirem para só então exigir leis climáticas é um péssimo negócio para o planeta, alertou um artigo publicado nesta semana no periódico Nature Climate Change.
O estudo mostra que, de acordo com as modelagens para alguns dos países mais influentes nas negociações climáticas internacionais, pode levar décadas até que a natureza se manifeste com força suficiente nessas nações para lembrá-las de que é preciso agir.
“Quando as decisões sobre as mudanças climáticas são baseadas apenas nas observações do clima local, se perde o senso de urgência. Por todo o mundo estão acontecendo eventos extremos, não deveríamos esperar que um se dê no nosso quintal para cobrarmos ações”, explicou Katharine Ricke, uma das autoras do artigo.
Apesar de destacar que todos os países analisados terão pelo menos um evento extremo de grande porte nos próximos 50 anos, o estudo salientou que, segundo as Nações Unidas, para se evitar as piores consequências das mudanças climáticas, um acordo internacional deverá estar em vigor muito antes disso.
“Esperar até que mais da metade da população de um país sofra com o clima extremo pode atrasar as políticas climáticas em décadas. Essas políticas deveriam ser baseadas nos dados científicos já disponíveis, em vez de depender de experiências locais”, afirma o trabalho.
“Em uma sociedade democrática, a opinião pública sempre influenciará a viabilidade de uma política. Assim, pode parecer tentador esperar a natureza seguir seu curso antes de promovermos os grandes investimentos que são necessários (…) Porém, os riscos são grandes demais para que deixemos o clima local ditar as políticas climáticas globais”, concluiu.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
(CarbonoBrasil)