Powered By Blogger

segunda-feira, 24 de março de 2014


Resumo diário de notícias selecionadas
dos principais jornais, revistas, sites especializados e blogs,
além de informações e análises direto do ISA
 
 
HOJE:
Água, Amazônia, Bacia do Ribeira, Clima, Energia, Povos Indígenas, Zona Costeira
Ano 14
24/03/2014

 

Direto do ISA

 
  Documento apresentado nesta sexta-feira, 21 de março, durante assembleia em Registro (SP), traz dados e propostas de ação para a Bacia do Rio Ribeira de Iguape - Blog do Vale do Ribeira/ISA, 24/3.
  Segunda edição do boletim do Projeto Cruviana mostra os resultados de estudos dos ventos no último ano na Terra Indígena - Blog do Rio Negro/ISA, 24/3.
   
 

Amazônia

 
  O consórcio Norte Energia obteve autorização do Ibama para iniciar o desmatamento das áreas que vão abrigar o reservatório da hidrelétrica de Belo Monte. A autorização permite ao consórcio fazer o desmatamento de uma área total de 9.112 hectares, sendo que 3.824 hectares estão localizados em áreas de preservação permanente. Porém a retirada de vegetação já avança a passos largos, por conta da construção da usina e de seus canteiros de obras. A destinação de milhares de toneladas de madeira extraídas de Belo Monte é criticada pelo Instituto Socioambiental. Em relatório de vistoria técnica realizado em 2013, analistas do Ibama chegaram a afirmar que o canteiro de obras tinha se transformado em um "sumidouro de madeira" - Valor Econômico, 24/3, Empresas, p.B2.
  As águas do inverno amazônico, que provoca cheia histórica no Rio Madeira, atingiram sábado a marca recorde de 19,40 metros em Porto Velho, capital de Rondônia. Uma dezena de bairros da cidade tem ruas alagadas e vilas ribeirinhas inteiras foram engolidas pelo rio, desalojando cerca de 4 mil pessoas na região. E o quadro ainda deve se agravar nas próximas duas semanas. Somente na capital, há cerca de 400 famílias vivendo em escolas e ginásios. E, com as águas subindo, todo dia as equipes de bombeiros e voluntários resgatam mais moradores isolados - OESP, 23/3, Metrópole, p.A24.
  Em São Carlos do Jamari, distrito a duas horas de barco rio abaixo, o Madeira invadiu tudo no Natal, e de lá para cá só sobe. O chão da vila sumiu. As ruas são percorridas de lanchas, barcos e canoas. Após alagamento, os cerca de 2 mil moradores deixaram o local, que deve ser totalmente reconstruído em uma colina do outro lado do rio - OESP, 23/3, Metrópole, p.A24.
  Caminhoneiros parados há dias, filas de até cinco horas para ser guinchado e famílias inteiras isoladas, numa pista tomada pelas águas. O cenário é no trecho de Rondônia da BR-364. A viagem de Porto Velho (RO) a Rio Branco (AC) requer carro, guincho, caminhão e barco. A água chega a 1,4 m de altura na rodovia. A inundação já completa mais de um mês. Quase isolado, o Acre sofre com desabastecimento de comida e combustível. A cheia do rio Madeira já completa mais de um mês sem sinal de trégua - FSP, 23/3, Cotidiano, p.C5.
 
A enchente do Madeira poderia ser controlada se a Usina Santo Antônio, construída na curva do rio que antecede a cidade de Porto Velho, tivesse feito diques. A opinião é do físico Artur Moret, da Universidade Federal de Rondônia. Segundo ele, os diques não foram construídos "por contenção de custos". Ele acusa a Santo Antônio Energia de não ter estudos de impacto de vizinhança, que poderiam prever o comportamento anormal do rio em cheias. Outro ponto, segundo Moret, é o efeito da barragem abaixo da obra, o remanso na área de Porto Velho, enchendo igarapés e bairros em que a água não chegava antes. A Santo Antônio Energia disse que as críticas que relacionam a usina à enchente não fazem sentido - OESP, 23/3, Metrópole, p.A24.
   
 

Mudanças Climáticas

 
  Um mundo mais quente, com nível do mar mais alto, derretimento de geleiras e maior variabilidade climática será um mundo com milhões de pessoas sob risco de inundações, com problema de disponibilidade hídrica, impacto sobre a segurança alimentar e extinção de espécies. Essa deve ser a mensagem que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) vai trazer ao divulgar a segunda parte do seu quinto relatório de avaliação daqui a uma semana, no Japão. Cientistas e representantes de governos começam a se reunir em Yokohama para definir o conteúdo final desta parte do relatório. O Brasil quer evitar menções negativas à produção de biocombustíveis - OESP, 24/3, Metrópole, p.A15; FSP, 24/3, Ciência, p.C7.
  Comparado ao último relatório de avaliação do IPCC, de 2007, o novo tomo do grupo de trabalho 2 do painel dará mais ênfase a um fator de desequilíbrio: os países pobres serão as principais vítimas de um problema que, por enquanto, foi causado principalmente pelas nações ricas. Isso, claro, se o texto preliminar do relatório que entra em discussão amanhã sobreviver a pedidos de alteração de países desenvolvidos. Isso vai influenciar o debate sobre quem pagará pelo dano. "Os impactos são maiores nos países tropicais de baixa latitude", diz José Marengo, único representante do Brasil entre os autores do sumário não técnico do grupo 2 do IPCC - FSP, 24/3, Ciência, p.C7.
  Enquanto no Norte o gelo derrete em velocidade vertiginosa, na Antártida, algumas regiões tiveram até um aumento. Um paradoxo que intrigou cientistas e serviu de argumento para aqueles que negam o aquecimento global. Recentemente, no entanto, uma série de estudos tem indicado que o aumento de gelo na Antártida está ligado justamente ao aumento da temperatura no mundo e a seus desdobramentos regionais. O modo com que as mudanças climáticas atuam em cada região polar está intimamente ligado a diferenças na distribuição da terra e da água nas duas regiões polares, que contribuem para que os hemisférios tenham padrões de circulação atmosférica e oceânica e cobertura de gelo marinho distintos - FSP, 23/3, Ciência, p.C10.
  "A Associação Americana para o Avanço da Ciência lançou o documento 'O que Sabemos' (whatweknow.aaas.org). O texto tenta convencer americanos de que o aquecimento global é fato. 'As evidências são preponderantes', afirma. 'Os níveis de gases do efeito estufa na atmosfera estão aumentando. As temperaturas estão subindo. As primaveras estão chegando mais cedo. Calotas de gelo estão derretendo. O nível do mar está subindo. Os padrões de chuva e seca estão mudando. Ondas de calor estão ficando piores, assim como os extremos de precipitação'. O verão de 2014 já vai tarde", artigo de Marcelo Leite - FSP, 23/3, Ciência, p.C10.
   
 

Zona Costeira

 
  Em São Francisco do Sul, norte de Santa Catarina, o empreendimento Terminal Marítimo Mar Azul, da Companhia de Navegação Norsul, prevê a instalação de uma ponte de quase 1,5 quilômetro sobre as águas da Baía da Babitonga, com dois píeres para atracação de barcaças e navios cargueiros. Sua principal função será o transporte de bobinas de aço para a empresa Arcelor Mittal. O projeto recebeu licença prévia do Ibama em outubro de 2012, com uma lista de condicionantes. Ambientalistas contestam o licenciamento e questionam a viabilidade do empreendimento. A maior preocupação ambiental refere-se ao impacto do porto sobre as toninhas, uma espécie de golfinho ameaçada de extinção - OESP, 23/3, Metrópole, p.A25.
   
 

Água

 
  As dez maiores regiões metropolitanas do país podem enfrentar problemas de abastecimento de água na próxima década por terem deixado de fazer obras de infraestrutura hídrica, conforme alerta feito em 2011, quando a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs uma lista de intervenções para os governos. Porém, das 16 obras mais importantes para as áreas citadas na última edição do Atlas Brasil de Abastecimento Urbano de Água, cerca de 70% não começaram ou ainda estão em andamento. Apenas cinco projetos foram concluídos. A conclusão dos técnicos da ANA é que, se os governos não concluírem as intervenções necessárias até o ano que vem, cerca de 30% da população do país enfrentarão escassez de água a partir de 2025 - O Globo, 24/3, País, p.3.
  A recém-deflagrada disputa com o Rio para transpor água da Represa Jaguari, no Vale do Paraíba, para o Sistema Cantareira é apenas uma das brigas políticas que São Paulo terá de comprar para suprir a crescente demanda por abastecimento nos próximos 20 anos. O plano paulista com novas alternativas de captações necessárias até 2035 lista outras quatro obras em "zonas de conflito", onde há represas e rios que também abastecem outros Estados ou são fontes para gerar energia elétrica. Entre elas está um segundo projeto de transposição envolvendo o Rio Paraíba do Sul, a transposição de água da Represa Jurumirim, e os projetos de captação de água nas Represas Juquiá e Cachoeira de França, no Vale do Ribeira - OESP, 23/3, Metrópole, p.A23.
  "As obras para captar água a distância não são as melhores soluções. Além de investir em água de reúso, estimular o uso racional de forma permanente e despoluir os rios, as cidades deveriam regular a ocupação do solo de acordo com a disponibilidade hídrica da região. E, neste caso, as prefeituras têm sido omissas", afirmou o coordenador do Vitae Civilis, Marcelo Cardoso. Segundo o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, mais do que grandes e custosas obras, o governo deveria investir na redução da demanda por água - OESP, 23/3, Metrópole, p.A23.
  "Fechar a torneira não basta. É necessário cuidar da oferta de água onde ela nasce. Assim, uma resposta sistêmica passa pelo manejo de bacias hidrográficas e recuperação de seus mananciais, que, em grande parte, encontram-se degradados, poluídos e cujo entorno foi severamente desmatado. Apenas o Sistema Cantareira perdeu 70% da cobertura florestal original, o que agrava o assoreamento dos rios e represas, diminuindo a vida útil desses ambientes. A degradação da vegetação nativa potencializa ainda o efeito das secas", artigo de João Campari e Samuel Barreto - OESP, 23/3, Aliás, p.E3.
  "Para resgatar o Cantareira, nem adianta correr atrás de obras, que ficariam prontas em talvez três anos - e até lá já teríamos morrido de sede", critica em entrevista Benedito Braga, presidente do World Water Council. Que fazer? "Racionar. É a única saída. Não me refiro ao rodízio, que fique claro: racionar é consumir menos que o usual" - OESP, 23/3, Aliás, p.E2.
  "É fato, os peixes vão pagar o pato. O Sistema Cantareira está quase vazio. Para garantir um futuro sem racionamento (em ano de eleição, o futuro termina em novembro), o governo vai aspirar o volume morto das represas do Cantareira. O problema é que, o 'volume morto', de morto não tem nada. Na verdade ele deveria ser chamado de 'volume vivo'. Muitas pessoas imaginam que um reservatório como o Cantareira é uma imensa caixa d'água. É um erro. Essas represas são um imenso, lindo e exuberante aquário, com dezenas de espécies de peixes, plantas aquáticas, algas, crustáceos e milhares de outras espécies de seres vivos. São os seres vivos desse ecossistema, e o equilíbrio que se estabelece entre eles, que mantêm a qualidade da água e garantem a sustentabilidade do suprimento ao longo de décadas", artigo de Fernando Reinach - OESP, 22/3, Metrópole, p.E6.
  São Paulo superestima em até 15% a quantidade de água disponível no rio Paraíba do Sul. É o que diz Danilo Vieira, presidente do Ceivap (Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul), espécie de órgão gestor do rio que corta SP, MG e RJ. Segundo Vieira, que é secretário-adjunto de Meio Ambiente de Minas, estudo contratado pelo Ceivap para medir a disponibilidade de água em todo o rio chegou a valores menores que o do governo paulista, usado para justificar a transposição do rio. O DAEE, órgão responsável pela estudo de SP, disse que "só vai se pronunciar após se inteirar sobre as contestações em questão" - FSP, 22/3, Cotidiano 1, p.C4.
  "É preciso discutir com seriedade. Nosso projeto não faz transposição nem envolve o Paraíba do Sul. Prevê, isso sim, interligar o reservatório do rio Jaguari ao sistema Cantareira, e não o rio Paraíba do Sul", disse o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB). "Quero lembrar ao governador Sérgio Cabral que o rio Jaguari pertence ao Vale do Paraíba, aos paulistas, assim como a baía de Guanabara é dos cariocas", afirmou. A obra, estimada em no mínimo 18 meses, pretende ligar o rio Jaguari, da bacia do rio Paraíba do Sul, à represa Atibainha, que integra o Cantareira -que abastece a Grande São Paulo, Campinas e municípios vizinhos, no interior - FSP, 24/3, Cotidiano, p.C4.
  O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), avisou a presidente Dilma Rousseff, durante audiência sexta-feira no Planalto, que "se for preciso, irá à Justiça", para impedir a transposição da água do rio Paraíba do Sul. Ele disse que "respeita o governador Geraldo Alckmin". "Mas esta falta de água no Estado é um problema de gestão dele e não do Rio". Já a presidente Dilma Rousseff decidiu que não vai entrar diretamente na disputa entre Cabral e Alckmin. A presidente está preocupada com a situação do abastecimento de água em São Paulo e teme os reflexos de um possível racionamento no período anterior ou mesmo durante a Copa do Mundo de Futebol. No entanto, quer evitar participar de uma guerra pela gestão da água - OESP, 22/3, Metrópole, p.E6.
  "Racionamento é uma medida extrema que pode atingir diferentes setores da sociedade, inclusive de forma perversa. Hospitais e lavanderias não podem ficar sem água, tampouco indústrias, que de modo geral já otimizaram seu uso devido ao preço elevado. Além disso, a falta de água gera redução de medidas sanitárias em restaurantes e residências que possam ocasionar problemas de saúde. A ameaça de racionamento pode até encorajar as pessoas a conter o uso de água, mas implantá-lo é, ainda, a última das opções. Mesmo que seja mais caro, o ideal é trazê-la de distâncias maiores", artigo de José Goldemberg - FSP, 22/3, Tendências/Debates, p.A3.
  "O racionamento é um fato, não uma possibilidade. Em vários municípios vizinhos e áreas periféricas de São Paulo e Campinas, ele tem sido aplicado, e o IBGE vem registrando sua ocorrência há tempos, mesmo depois de anunciada a 'universalização' do abastecimento. Então, onde estaria a novidade? Na possibilidade de generalização desse procedimento e em quem poderá ser atingido. Ao acirrar os ânimos dos segmentos sociais mais influentes nos meios de comunicação, esse racionamento pode ameaçar a 'discrição' da crise atual e ampliar o questionamento de suas causas, soluções e do desempenho dos responsáveis, em pleno ano de eleições", artigo de Renato Tagnin - FSP, 22/3, Tendências/Debates, p.A3.
   
 
Imagens Socioambientais

Nenhum comentário: