a1 300x224 Conservar florestas é o caminho para o desenvolvimento econômico equilibradoA afirmação é do professor e pesquisador Carlos Eduardo Frickmann Young, um dos palestrantes do VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que será realizado de 23 a 27 de setembro em Natal.
Floresta não é um entrave ao crescimento econômico, mas sim uma solução para o desenvolvimento equilibrado. Essa é a opinião de Carlos Eduardo Frickmann Young, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED). Young será um dos palestrantes do VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que será realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, de 23 a 27 de setembro, em Natal (RN). Ele vai abordar o tema “A importância da conservação da natureza para economias globais”, dentro do painel “Integrando o desenvolvimento econômico e social com a conservação da natureza”.
Young afirma que a ideia de que floresta é uma barreira ao desenvolvimento ainda prevalece, principalmente junto às lideranças políticas e econômicas. Porém, essa visão não se encaixa à Economia Verde, conceito que prevê um novo modo de utilização dos recursos naturais, por meio de ações que atendam ao mesmo tempo a conservação da natureza e a geração de emprego e renda, com inclusão social.
Para corroborar a sua afirmação, Young cita o relatório “Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia nacional”, produzido em maio de 2011 por ele e por Rodrigo Medeiros para UNEP-WCMC (United Nations Environmment Programm–World Conservation Monitoring Centre). Este relatório apresentou os resultados de análises sobre o impacto e o potencial econômico de cinco dos múltiplos bens e serviços providos pelas unidades de conservação para a economia e para a sociedade brasileiras. São eles: produtos florestais, uso público, carbono, água e repartição de receitas tributárias.
Os resultados desse estudo mostram que a visitação aos 67 parques nacionais existentes em 2010 no Brasil (hoje são 68 parques nacionais) tem potencial de gerar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano, considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas para o país – cerca de 13,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros – até 2016, ano das Olimpíadas.
Ainda considerando a visitação, o relatório indica que as unidades de conservação federais têm potencial de atrair cerca de 17,5 milhões de pessoas em 2016, podendo movimentar a economia em até R$ 2 bilhões nas regiões onde estão localizadas essas unidades. Se for considerada a soma das estimativas de visitação pública nas unidades de conservação federais e estaduais consideradas pelo estudo, levando-se em conta a exploração adequada das unidades, cerca de 20 milhões de pessoas visitarão essas áreas em 2016, com um impacto econômico potencial de cerca de R$ 2,2 bilhões naquele ano.
O estudo estima que o valor do “aluguel” anual do estoque de carbono cujas emissões foram evitadas pelas unidades de conservação está entre R$ 2,9 bilhões e R$ 5,8 bilhões por ano. Esses valores foram calculados considerando os limites do custo de oportunidade de capital entre 3% e 6% ao ano. “São valores que superam os gastos atuais com a manutenção dessas unidades e as necessidades de investimento adicional para a consolidação e melhoria delas”, destaca Young.
Em relação aos recursos hídricos, o relatório destaca que as unidades de conservação são fundamentais para garantir a oferta de água atual e futura para os mais diversos usos pela sociedade. Do total de água para uso humano, 9% é captada dentro dessas unidades e 26% é captada em fontes a jusante a elas.
Outro resultado importante, destacado no estudo, diz respeito ao ICMS Ecológico, um mecanismo que introduz critérios ambientais no cálculo do repasse do ICMS aos municípios, premiando aqueles que possuem, por exemplo, unidades de conservação e áreas de mananciais. Somente em 2009 foram repassados aos municípios que se enquadram nessa categoria R$ 401 milhões.
“O Brasil deve aprender a investir na conservação do que nos torna o detentor da maior biodiversidade do planeta e a lucrar com isso. Manter a maior extensão de florestas tropicais do mundo não é um problema, mas o que nos torna ainda melhores”, afirma Young. O caminho, segundo ele, passa exatamente pela relação entre empresas, governo e organizações não governamentais, que devem se mobilizar para promover um “desenvolvimento sustentável” equilibrado, que permita à sociedade usufruir dos recursos naturais no presente e preservá-los para que gerações desfrutem deles no futuro.

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FONTE : (Fundação Grupo Boticário)