Powered By Blogger

terça-feira, 15 de junho de 2010

Uma ilha a prova de furacões

A comunidade da Ilha da Juventude se prepara para a iminente temporada de ciclones que pode ter grande intensidade.

Nova Gerona, Cuba, 14 de junho (Terramérica).- Os moradores da Ilha da Juventude, a segunda maior do arquipélago cubano, sabem muito de furacão, mas não foi suficiente para desarmar o poder destrutivo do Gustav, que passou sobre suas cabeças há dois anos. O desastre foi enorme e ainda causa estremecimento a simples recordação. A preocupação aumenta neste município em especial, localizado diante da costa sudoeste de Cuba, com os avisos de que a atual temporada de ciclones, que vai de 1º de junho a 30 de novembro, será muito ativa.

“Perdemos a casa e 90% do que tínhamos. Nunca na vida passamos algo tão intenso. Aquilo foi terrível”, disse Justo Carillo ao Terramérica, ao recordar os estragos causados pelos furacões Gustav, no dia 30 de agosto de 2008, Ike e Paloma, que juntos causaram perdas de US$ 10 bilhões para o país, segundo dados oficiais. Como todos seus vizinhos, esse homem e sua família foram evacuados para um local seguro antes da passagem do furacão e depois viveram em uma casa de emergência.

Há alguns dias, acabaram de mudar para um novo lar em uma sólida edificação de 65 apartamentos que “suporta qualquer furacão”, afirma Carillo. O que hoje é um conjunto residencial já foi um instituto pré-universitário no campo, fechado após a decisão de transferir esses cursos para áreas urbanas. As amplas salas foram transformadas em moradias e no primeiro andar foram instalados escola primária, jardim de infância, cafeteria e outros serviços.

“Tudo foi feito com o menor custo”, assegura Carillo, que figura entre os moradores que aceitaram integrar uma Cooperativa de Créditos e Serviços (CCS) para aproveitar as áreas cultiváveis vizinhas. “Estamos nos organizando, e terei a vaca para fornecer leite fresco à comunidade. Para começar me darão um crédito”, explicou. Dados oficiais indicam que mais de 18 mil imóveis da Ilha da Juventude sofreram danos com o furacão de categoria quatro na escala Saffir-Simpson, com ventos de 210 e 250 quilômetros por hora. Até o momento, foram recuperadas 13.700 casas e há previsão de aumentar o fundo habitacional em mais de 400.

As medidas de prevenção evitaram mortes, porém, mais de 40 pessoas sofreram lesões e tiveram de ser atendidas com urgência no hospital Heróis de Baíre, único desse nível nesta capital para atender os quase 87 mil habitantes do município. A emergência deixou em tensão máxima o hospital, submetido a reparos desde 2006 e gravemente afetado pelo furacão. Mesmo assim, seu pessoal teve de atender feridos e mover, novamente, os pacientes que foram levados com antecedência para áreas do hospital cuja segurança entrou em colapso com o ciclone.

Nesse centro de saúde é desenvolvido um projeto para transformá-lo no primeiro “hospital seguro” diante de situações de desastres do país, com apoio do Centro Latino-Americano de Medicina de Desastres (Clamed), da Organização Pan-Americana de Saúde (OPS) e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).

O plano, em pleno desenvolvimento, deixará a instituição preparada para manter sua capacidade de funcionamento o maior tempo possível, o que exige ter garantia de serviços de água, energia elétrica, tratamento de lixo e geração de vapores e gases medicinais. Em matéria de recursos humanos, é preciso capacitar o pessoal para enfrentar contingências extremas. “Quando um fenômeno deste tipo acontece, tudo se faz em função dessa emergência, as funções dos médicos se adequam às urgências”, explicou ao Terramérica o diretor do hospital, Yosvani Tamayo Garrido.

Ilha da Juventude tem um bem aceito sistema de meteorologia com um centro em Nova Verona, a cidade cabeceira, três estações de superfície e um radar instalado em Punta del Este, no extremo sudeste desse território. Mas seus técnicos preferem não entrar em detalhes sobre previsões para a nova temporada de ciclones. “A previsão é para uma temporada mais ativa do que a média, mas a prática diz que não é possível prever o número de organismos que teremos com três meses de antecedência”, disse ao Terramérica o meteorologista Edgardo Soler, lembrando que o importante é reduzir vulnerabilidades.

No final de maio, o Escritório Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, informou que, no Oceano Atlântico, poderiam se formar de 14 a 23 tempestades tropicais, com entre oito e 14 delas podendo se transformar em furacões, sendo sete deles de grande intensidade. Os especialistas concordam que, nesta potencial maior atividade, influem fatores que favorecem o desenvolvimento dos ciclones tropicais, como as altas temperaturas nas águas do Oceano Atlântico e o enfraquecimento do fenômeno climático El Niño, a fase quente da Oscilação do Sul (Enos) provocada pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacífico.

LINKS

Mapa Verde contra furacões
http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=3035&olt=404

Ocidente espera Gustav com expectativa, em espanhol
http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=89588

Gustav ameaça Cuba, em espanhol
http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=89609

Do olho do furacão, em espanhol
http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=90815

Anos para sair de um furacão, em espanhol
http://ipsnoticias.net/nota.asp?idnews=90743

Instituto Nacional de Meteorologia, em espanhol
http://www.met.inf.cu
********************************
FONTE : Patricia Grogg (Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.)

Nenhum comentário: