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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
Consumo e descarte de plásticos aumentou durante pandemia
A pandemia da COVID-19 impactou significativamente as emissões de gases do efeito estufa e poluentes na atmosfera. Entretanto, um inimigo silencioso teve um crescimento de produção. O consumo de plástico aumentou, com maior demanda por descartáveis, inclusive máscaras.
Por Matheus Zanon
Levantamento publicado no Atlas do Plástico, da Fundação Heinrich Böll, afirma que, se toda população brasileira utilizasse máscaras descartáveis, seriam necessárias 3,5 bilhões de máscaras por mês. O total significa 10,5 mil toneladas de plástico, o equivalente ao peso de nove Cristo Redentor.
A pandemia também afetou gravemente os sistemas de reciclagem. Houve um aumento de 25 a 30% na coleta de materiais recicláveis durante o período da pandemia comparado com o ano anterior, de acordo com a ABRELPE. Porém, segundo esses dados, grande parte do volume coletado está sendo encaminhado diretamente para aterros sanitários, devido ao fechamento ou diminuição da atuação das cooperativas e unidades de triagem em diversas cidades.
No Brasil, salvo raras exceções, quase todo lixo reciclado passa pelas mãos de catadores. E esses, autônomos ou cooperados, continuaram em grande parte trabalhando para conseguir seu sustento, mesmo os que fazem parte do grupo de risco. Muitos estão sem ter onde vender o material coletado, já que as cooperativas e sistemas de triagem, em sua maioria continuam fechadas. Soma-se a esta situação, a falta de cuidados da população na hora de dispensar o lixo, uma preocupação constante no dia a dia dos catadores.
Soma-se a isso, a tentativa da indústria do plástico de “vender” a importância desses produtos para manter os alimentos livres do vírus, mesmo havendo outras formas menos impactantes ao meio ambiente, como a reutilização de materiais. Especialistas dizem, por exemplo, que lavar os copos com água quente e sabão é suficiente para destruir qualquer traço do vírus, possibilitando a sua reutilização, ao invés de copos plásticos descartáveis.
“Existe uma tentativa das corporações, impulsionada pela pandemia, de liberar novamente o uso de descartáveis em lugares onde já havia sido banido, para continuar a alta produção desse tipo de plástico. Entretanto, o plástico, além dos impactos ambientais, é um dos materiais nos quais por mais tempo permanece o coronavírus. Existem formas mais saudáveis e menos custosas que teria um resultado maior”, alerta o Coordenador de Programa e Projetos da Fundação Heinrich Böll, Marcelo Montenegro.
Em dados recentes divulgados pela Abrelpe, a média de consumo plástico aumentou mais de 25% durante a pandemia. O número tem contribuição significativa dos serviços de delivery, que viram os valores gastos com pedidos crescerem 95% entre janeiro e maio deste ano, em comparação com o ano anterior.
“Estamos tendo mais contato com plásticos do que com pessoas durante a quarentena. E grande parte são descartáveis de uso único que não podem ser reciclados, causando um verdadeiro tsunami plástico”, afirma Montenegro.
Nota 1: publicação do Atlas do Plástico está disponível para download em https://br.boell.org/atlasdoplastico.
Nota 2: Todos os dados presentes no Atlas do Plástico foram checados pela Lupa, a primeira agência de notícias do Brasil a se especializar na técnica jornalística mundialmente conhecida como fact-checking. Além disso, os textos são assinados por especialistas e pesquisadores do assunto.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/12/2020
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