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terça-feira, 27 de julho de 2010

Altos índices de poluição levam Israel a estudar proibição de batismos no rio Jordão

Israel estuda proibir batismos no rio Jordão devido à poluição – Por causa dos altos índices de poluição no caudaloso rio Jordão, quatro vezes acima do permitido, os batismos no local podem ser proibidos até a redução desses níveis.

O Ministério da Saúde israelense ordenou análises para determinar os níveis de bactérias presentes no Jordão e, enquanto se esperam pelos resultados, dará instruções para que se advirta os banhistas de que as águas estão contaminadas e que se proíba banhos no local, conforme a imprensa israelense.

Nesse rio fica o local conhecido como Qaser al-Yahud, perto da cidade cisjordaniana de Jericó, onde, como ensina a tradição cristã, São João batizou Jesus. Milhares de fiéis vão a cada ano a esse ponto do rio para mergulhar em suas águas e reviver esse ato de fé.

A fim de potencializar o turismo religioso, o Ministério do Turismo investiu nos últimos meses US$ 2 milhões para dar melhores condições à margem ocidental da bíblica nesse ponto. Reportagem de Ana Cárdenas, da Agência EFE.


ESTUDO

Mas o projeto poderá parar se o Ministério da Saúde determinar que, como mostra estudo da ONG Amigos da Terra, uma das mais importantes de ambientalistas da região, entrar no rio representa um perigo à saúde. Deste modo, deve ordenar ao Ministério do Turismo que proíba os batismos na zona dos fiéis cristãos.

“Pedimos ao Ministério da Saúde simplesmente que aplique a lei” declarou recentemente Gidon Bromberg, diretor em Israel da ONG, que acrescentou de forma taxativa que “banhos nessa área do Jordão são insalubres”.

Os estrangeiros que chegam à região seguindo rotas religiosas são uma das fontes turísticas mais importantes para Israel, que tenta desenvolver esse potencial.

Conforme cálculos do Ministério do Turismo, 100.000 pessoas visitam por ano Qaser Al-Yahud. Esse órgão está tentando encontrar uma solução com o Ministério da Saúde para permitir que as pessoas sigam fazendo as cerimônias batismais sem correr riscos.

Mas a solução não é singela, porque o Jordão está altamente contaminado e limpar suas águas não é tarefa fácil.

POLUIÇÃO ATIVA

“Enquanto Israel, Jordânia e a Autoridade Nacional Palestina não pararem de despejar poluição no rio e não proporcionarem fluxos de água limpa, banhar-se ali será perigoso”, sentencia Bromberg.

Pelos dados divulgados pela pesquisa dos Amigos da Terra, a água do Jordão registra na zona de Qaser al-Yehud um nível de bactérias fecal-coliformes de 750, quando o limite permitido tanto em Israel quanto na União Europeia para locais de banho é de 200.

“Não nos opomos à abertura ao local para o turismo, nem que se façam batismos, mas não pode ser feito com a água nessas condições”, explica Bromberg.

Segundo ele, se durante a cerimônia se tragar acidentalmente algo de água, o batizado “pode sofrer no melhor dos casos vômitos, infecção estomacal e gastroenterite e, no pior, pode contrair doenças graves como a pólio”.

Também adverte que banhar-se na água poluída pode provocar infecções de pele, otites, e reações alérgicas e infecções a partir de pequenos cortes na pele.

TRADIÇÃO

O método habitual adotado pelos peregrinos cristãos para reviver o batismo de Jesus Cristo é mergulhar totalmente na água do Jordão, uma experiência que costumam fazer emocionados, acompanhados de párocos e cobertos simplesmente com uma túnica branca que leva impressa a imagem do rosto de Jesus.

A Amigos da Terra denunciou em maio que o Jordão, que nasce no mar da Galiléia e desemboca no mar Morto, serpenteando ao longo de 217 quilômetros, perdeu nos últimos anos 98% de seu caudal e poderia secar no próximo ano se os países contíguos não tomarem medidas.

Este rio, que tem um importante significado espiritual para as três principais religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, também perdeu metade de sua biodiversidade.

De suas margens desapareceram lontras e corujas que não puderam suportar a salinidade e a ausência de água limpa, e muitas das árvores que ficavam na margem do curso d’água foram substituídas por juncos, mais resistentes à deterioração do ecossistema.
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FONTE : reportagem da Agência EFE, na Folha Online. (EcoDebate, 27/07/2010)

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